Cá na terra

A vida como ela é(?) cá na terra do sr Vegeta Da Silva ... ou como fazer um bolo igual ao da filha da Srª Dª Adelaide dos ovos.

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Localização: Freixo de Santa Comba de Espada à Cava, Portugal

terça-feira, novembro 28, 2006

"Questões de fundo" ou "Carta ao sr Pai Natal"

Pois é, o Natal está aí à porta, e cá na terra também estamos a ficar cheios de espírito natalicio.
O sr Alvito dos alguidares tem estado a enfeitar a venda da feira com renas rosa choque em miniatura e papagaios de plástico. Segundo ele os papagaios são muito importantes no Natal do Brasil e como tal têm de estar presentes na venda dele, porque afinal a senhora dele vê várias novelas por dia, não é?!
Já a Srª Dª Estela da secretaria resolveu que os melhores enfeites de Natal são fotos dos netinhos. E é vê-la a pendurar as fotos dos petizes, em lugares estrategicamente estudados de modo a causar o melhor efeito. E até ficou engraçado, apesar de ela nem filhos ter, mas mais vale com os netos dos outros que sem netos nenhuns.
Mas o "équece-líveris" é sem dúvida a árvore de Natal de chocolate erguida na praça central cá da terra, ali entre a marcenaria e a leitaria do sr Tavares. É uma visão tremenda, feita de chocolate espanhol do bom, coberta de "smartes" e guardas-chuva de torrão de Alicante e nogados. Vair ser uma atracção para todos virem cá à terra ver.
E espero que venham, depois da trabalheira que deu a trazê-la cá para a terra. É que a viagem não foi isenta de peripécias, derivado ao sr Sargento da guarda ter descoberto que ela era feita de chocolate e ter organizado uma operação stop em larga escala, com todos os guardas aqui das redondezas. No fundo era boa a questão que eles colocavam, a de terem de saber se estava em condições de poder ser comida pelas pessoas. E a única maneira que descobriram de o averiguar foi a de todos os guardas provarem, de modo a que, se não lhes fizesse mal não fazia mal a ninguém...e ainda há quem tenha a lata de dizer que a guarda não presta um grande serviço à comunidade!
Mas na realidade as coisas não correram assim como o previsto, tudo porque o Carlinhos do TIR decidiu que ao invés de vir pelo caminho habitual viria pelo mais longo mas mais a direito.
Ora o sr Sargento perante uma infração destas, entrou em perseguição, com o apoio de todos os guardas que tinha ali com ele. O Carlinhos é que não parou e passou sempre. Vá lá que os senhores da guarda estavam com as armas de serviço e dispararam contra o camião, permitindo assim ao Carlinhos parar de sua própria vontade, e evitando um atentado à saúde pública. É que não é que depois de provarem a árvore de chocolate toda os senhores guardas ficaram todos de soltura dos intestinos, prova mais que evidente que ela estava imprópria para consumo. Graças a Deus que existem homens zelosos do seu dever como o sr sargento.
Mas o que interessa é que agora está tudo bem, pois veio outra da fábrica e vai ser montada dentro de uma tenda especial, para evitar que se molhe e assim.
Outro dia conto como correu a postura dos enfeites, mas agora já está é na hora de ir escrever a minha carta ao sr Pai Natal, que este ano vou-lhe pedir o título para o glorioso ou então um relógio daqueles como tem o sr Gilberto cigano.

domingo, novembro 26, 2006

Um conto de Natal cá da terra

O sr Olívio dos seguros é muito boa pessoa, derivado claro está de ser o dono da agência de seguros cá da terra.
Diz-se à boca pequena que a riqueza dele se acumulou à custa de bons negócios, assim como os do sr Veiga do glorioso. É óbvio que o seu negócio mais famoso de sempre tem a ver com o ter feito os seguros para a ponte virtual do sr presidente da junta, essa grande obra cá da terra, que veio mostrar aos senhores da cidade que por cá se fazem as coisas em grande.
Ora este ano o sr Olívio apareceu com a idéia de se organizar um bailarico de Natal, uma espécie de dançadeira ali no largo da igreja matriz, desde que com a benção do sr padre cura!
Foi um evento de arromba, mesmo apesar de ter sido um mês antes do natal, mas sabem como é, nessas alturas andamos todos ocupados às compras, porque cá na terra a tradição respeita-se e só nos últimos dois dias é que se fazem as compritas de Natal.
Mas como disse, o bailarico foi uma festança, com a música do sr Tavares da leitaria, que é muito bom a tocar gaita de beiços. Faz-me sempre lembrar o "Trio Odemira", à excepção que ele é só um e nunca foi a essa terra, que acho que fica no Sul de Espanha ou que é. Isto porque em Portugal seria "Ódeolha" não é?!
Mas adiante, pois não estamos aqui a falar de geografia mas sim do nosso bailarico de Natal.
O ponto alto da noite foi quando a Srª Dª Rebeca das malhas, a esposa do sr Ernesto das vacas, resolveu fazer uma declamação de improviso de um dos nossos maiores poetas, o sr Herberto do helder. Não é que não se aprecie poesia cá na terra, mas preferimos assim coisas simples, tipo "bate leve, levemente, e se eu ouvir mal não vou abrir certamente", e não coisas complicadas que não se entendem.
Então a pergunta que se impõe é "se não gostam, como foi o momento alto da noite?", ao que passo a elucidar.
O momento alto deveu-se ao facto do sr Olívio ter ido à vila vizinha e ter trazido umas moças Brazileiras que, acho eu, fazem bordados para fora numa fábrica que se chama "O Hipopótamo Branco", e que dançaram o samba ao som das palavras da Srª Dª Rebeca e da gaita do sr Tavares. E diga-se que até foi muito giro até ao momento em que as roupas das moças começaram a cair e foi a escandaleira. Coitadas, tive imensa pena delas, pobres raparigas que ao que parece nem ganham para comprar roupa que lhes fique bem assente no corpo sem cair.
O sr padre cura é que não gostou nada e já disse ao sr Olívio que ele vai ter que pagar um indulto, saiba-se lá porquê.
E o que tem tudo isto a ver com um Conto de Natal, assim tipo sr Carlos do Dickens? Bem, o sr Zeferino dos móveis diz que viu três fantasmas nessa madrugada que o levaram a ver o futuro e assim, mas como ele tratou da saúde a três grades de minis, acho que se tivessem sido três elefantes côr-de-rosa a levá-lo ao jardim zoológico de Marte também não espantava ninguém, por Homessa!

quinta-feira, novembro 23, 2006

As festas de Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira

Pois é, está a chegar a altura do ano mais esperada cá na terra, logo a seguir ao Natal, à Páscoa, ao início do campeonato e ao concurso anual de prova de minis. Refiro-me claro, e como todos sabeis, às festas de Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira, santa padroeira cá da terra, pelo menos enquanto Sua Excª o Sr Bispo mandar.
Este ano há uma grande celeuma e muita discórdia devido à questão de quem deverá ser a atracção musical cabeça de cartaz. Uns defendem que deveria ser o sr Quim do barreiros, outros a Srª Dª Ana do malhoa e outros que deveria ser o grupo folclórico e recreativo de Arimbau de Baixo.
Ora a maioria quer o sr Quim porque ele sabe cantar musicas do antigamente, clássicos que qualquer um pode acompanhar, porque afinal todos sabem cá na terra que o bacalhau leva alho e que Srª Dª Maria está na cozinha.
Mas eu pessoalmente e para mim também, preferia a Srª Dª Ana do malhoa, por ser quase como a virgem, muito inocente e casta, além de saber pular quando canta, o que ajuda a animar a malta um bocadinho mais que um acórdeão. O sr padre cura é o único que quer o grupo de Arimbau de Baixo, vá-se lá perceber porquê. Talvez um desígnio de Deus ou assim parecido, sei lá.
Amanhã então vamos a votos e espero que ganhe o melhor. É que desde que seja para animar a festa por mim qualquer coisa serve mesmo, desde que não faltem as minis claro.
De qualquer modo se não houver consenso a Srª Dª Carmina das loiças diz que faz o numero de equilibrismo de patos marrecos em cima dos furões, e isso é um sucesso logo à partida. E se a isso juntarmos os relógios amestrados do sr Gramínio dos cinzeiros, temos o serão assegurado.
É claro que a malta não vai animar tanto como com a Srª Dª Ana do malhoa, mas olha, paciência, bebe-se mais umas minis.

sexta-feira, novembro 17, 2006

"A alergia" ou "Como fazer um pudim de ovos"

Há coisas do arco da velha!
Ora então não é que o sr Astolfo da pichelaria esteve de cama por ser alérgico à política. De facto a cara que devem de estar a fazer não seria de todo descabida, pois afinal todos somos alérgicos de algum modo à política e não ficamos de cama por isso. Porém o sr Astolfo é alérgico às colas que são usadas para colar os cartazes de campanha, e como houve eleições para a direcção da colectividade cá da terra, o pobre homem foi à cama.
Foram engraçadas estas eleições, onde houve duas listas concorrentes. Uma encabeçada e também liderada pelo sr presidente da colectividade e outra do sr Bergonómio dos parafusos, que propunha, entre outras coisas, a eleição anual da Miss "maiores seios cá da terra".
Como é natural ganhou o sr presidente da colectividade, que tinha o apoio do sr presidente da junta, e também porque ninguém queria imaginar que o que seria ter de explicar à sua própria senhora porque não havera sido ela a ganhar o concurso das misses. É que não é por nada, mas a perspectiva de ter de aprender a desenrascar na cozinha porque a nossa mulher está de greve de zelo não é nada agradavel. Eu não me consigo imaginar a fazer um pudim de ovos para a sobremesa do meu próprio jantar. É impossivel tal coisa saber em condições, pois vai contra as leis naturais e da natureza também. Ainda bem que tudo ficou na mesma, mas pelo sim pelo não, já ficou combinado entre a malta cá da terra que a partir de agora vamos ser todos como o sr Astolfo, alérgicos à cozinha! Não vá o diabo tecê-las, por Homessa!

segunda-feira, novembro 13, 2006

"Os Marcianos" ou "A menina Floribela"

De vez em quando cá na terra passam-se coisas muito estranhas.
Esta semana ao que parece tivemos a visita dos srs Marcianos, pessoas que não são cá da terra nem da Terra, para dizer a verdade.
Ora o esquisito nesta estória é o facto que, apesar de estarmos quase 100% certos de que fomos visitados por eles, não apareceu por cá o sr Mulder dos ficheiros.
Mas o melhor é começar a estória do principio.
Ao que consta, ia o sr Emilio dos ananazes para casa, após ter estado a tomar umas minis no bar do sr Eusébio, e deparou-se com umas luzes estranhas no céu. Dizem os entendidos que foi um encontro imediato do 3º grau, mas isso não pode ser, pois todos sabem que as minis têm 6º, e quando muito fazem ver a dobrar e não às metades.
Ora todos sabemos que o sr Emilio à muito que é um fanático da laranjinha, e por isso há quem especule que na realidade o que ele viu foi um jogo entre o Arcanjo São Gabriel e o sr Simeão dos dominós, o já falecido mítico campeão de laranjinha cá da terra.
Ora o complicado aqui foi que o sr Emilio decidiu que ir bater à porta do sr presidente da junta era o mais indicado, pois se chamasse a guarda o mais certo era eles atirarem a matar e depois ainda se gerava uma guerra intergaláctica, assim ao estilo de um BenficaXReal Madrid, o que não convinha nada, pois o mais certo é perdermos mesmo.
Ao bater à porta do sr presidente da junta quem lha abriu foi a senhora dele que, ao ver o estado agitado em que se encontrava calculou que fosse um ataque de panico devido a excesso de minis e toca de lhe aplicar o remédio mais indicado, uma caçarola de ferro na cabeça.
Ao despertar pouco depois de tal tranquilizante pouco científico, o sr Emilio deparou-se na sala de estar do sr presidente, mesmo em frente ao televisor onde passava a novela da menina Floribela. Zonzo ainda do método calmante que lhe tinham aplicado, o sr Emilio pensou que tudo aquilo era uma manobra marciana para lhe roubarem o segredo da criação de ananazes, e toca de fugir dali a sete pés, saltando pela janela e dando de caras com o pitbull que guarda a casa. O que aconteceu depois foi estranho pois o animal, que não estava habituado a que saltassem pela janela ao contrário, pensou que era um jogo, saltou à espinha do sr Emilio e foi preciso um pé de cabra para acabar com tal abraço amoroso.
A moral deste evento é que pode sair do pêlo confundir a menina Floribela com os srs Marcianos.

sexta-feira, novembro 10, 2006

"A portagem virtual" ou "Não aos Ouros"




Cá na terra de quando em vez chega o progresso e também nos tornamos modernos.
Desta vez foi uma inovação de sua Excª o Sr Presidente da Câmara cá do distrito, que decidiu que teríamos uma ponte sobre o riacho que passa ao lado da casa do sr Graciano dos leitões.
Notem bem que não é que o riacho seja intransponível, mas uma ponte fica sempre bem em qualquer lado e sempre se podem mostrar estas coisas modernas às visitas que vêm de fora.
E note-se que a inteligência e sentido de responsabilidade de Sua Excª é tremendo, assim como a sua capacidade de trabalho e de atrair desenvolvimento. Senão reparem.
Onde à duas semanas havia um riacho agora existe uma portagem e um funcionário da câmara. E no outro lado já está a tomar forma a casa que Sua Excª mandou construir, e onde irá habitar. Uma homenagem, disse, ao povo de cá da terra, pela sua vontade de modernizar. E o brilhantismo disto tudo é que como o riacho nem precisa de ponte, esta vai ser virtual, ou como explicou Sua Excª, é como se lá estivesse mas sem estar mesmo.
O único problema que o pessoal cá da terra achou foi na questão da portagem.
É que meus amigos, uma portagem virtual ainda é como o outro, se fecharmos os olhos e pensarmos com muita força é como se lá estivesse a ponte, e sendo assim temos de pagar para lá passar, que estas coisas custam dinheiro não é?!... Mas agora quererem que deixemos de pagar em escudos e passemos a usar umas moedas que são os Ouros, e que nós sabemos bem que é de Espanha, isso meus amigos é que não!
Ora então onde é que já se viu pagar-mos as nossas coisas em dinheiro estrangeiro???! Era só o que faltava.
Cá na terra somos simples, mas não somos burros.

terça-feira, novembro 07, 2006

"Um automóvel de luxo" ou "A melhor maneira de fazer arroz"





O sr Amadeu das empreitadas resolveu que tinha de ter um carro novo. É lógico que o seu estatuto de empreiteiro não lhe permitiria ter outro senão um Mercedes, levando-o a fazer uma encomenda no stand do sr Norberto dos carros, pois como todos sabem, o sr Norberto é o maior negociante de automóveis cá da terra e redondezas e quiçá até do distrito, fazendo dele pessoa ilustre e de grande gabarito no mundo das quatro rodas motrizes, conhecida até em terras além-mar e eventualmente Badajoz.
O carro que o sr Amadeu escolheu foi um novo modelo, daqueles com o nome cheio de letras, tipo “SLB XPTO kompressa e elegância”, em preto metalizado com vivos laterais em cremados e pasme-se, televisão lá dentro e tudo.
Ora foi precisamente esta televisão que se tornou no problema maior da vida do sr Amadeu em relação a estas situações de veículos motorizados.É que como devem calcular, não é fácil conduzir, fumar, beber uma mini, falar ao telemóvel e ver a bola na TV Sporting em simultâneo. Pois o sr Amadeu também se apercebeu disso após entrar com o seu carro novo pelo galinheiro da Srª Dª Rosaura do pichisbeque adentro.
O complicado disto tudo foi que o sr professor Eustáquio havia inventado um novo aparelho para acalmar os nervos às galinhas poedeiras que a Srª Dª Rosaura possuía e que consistia basicamente num gramofone, vários discos de musica clássica, dois clips e um elástico. Claro que ninguém percebeu para que eram os discos, mas o invento lá funcionava, como é apanágio do sr professor.
Todavia com o adentrar sem travões do carro do sr Amadeu pelo galinheiro, o invento foi-se, levando a que as galinhas entrassem em histeria colectiva, deixassem de pôr ovos, convocassem greve, fizessem cartazes e pinturas murais de cariz intervencionista, nomeassem uma comissão sindical e exigissem que lhes fosse pago o 13º mês e as prestações da segurança social.
Como os montantes ficaram em números muito elevados, e altos também, o sr Amadeu teve de entregar o carro como colateral, ficando a Srª Dª Rosaura com um dos galinheiros mais originais e chiques do país e até quem sabe de Badajoz.Se querem a minha opinião, cá para mim isto dos Mercedes é coisa muito perigosa, pois se fosse com uma charrua nada disto teria acontecido, em parte por falta da cablagem para receber a TV Sporting, e noutra parte por bois e galinhas não se misturarem, acho.
Ah, falta o arroz, mas esse já eu tenho ao lume para o almoço. Um belo arroz de pato com miúdos e um tinto de garrafão para acompanhar, que nem sempre há minis à mão de semear.

domingo, novembro 05, 2006

As consequências do treino da guarda
ou então
no escuro usar sempre lanterna


O sr Venceslau do papagaio está de luto. E tudo por culpa da EDP! Passo a explicar…
Na véspera do dia do padroeiro dos doceiros de caramelos, estava o sr Venceslau a caminho lá da terra, depois de uma curta viagem, quando recebeu um telefonema do sr cabo da guarda a comunicar que o seu papagaio havia falecido.
“Sr Venceslau, tenho uma má notícia para si, o seu papagaio morreu”.
A notícia apanhou o sr Venceslau de surpresa e deixou o pobre homem quase sem fala.
“mas morreu como?”
Aqui é que começa o verdadeiro busílis da questão. É que o passaroco morreu de comer caramelos estragados, os mesmos caramelos que iriam servir para a festa do Santo Padroeiro.
Ora estranho é o facto de estarem estragados, pois eles haviam sido feitos na véspera em Espanha e trazidos de propósito pelo Carlinhos do TIR, logo mais frescos era impossível. Mas a explicação não demorou a ser dada ao pobre sr Venceslau “foi de terem apanhado calor”, segundo o sr cabo da guarda.
“Mas como assim calor?”, foi o que ele perguntou e perguntariamos nós também. Afinal todos sabem dos cuidados com que ele acondiciona os caramelos. Pois bem, o calor proveio nem mais nem menos que do incêndio que se deu na casa dele. Este incêndio havera sido provocado pelas velas que estavam acesas na casa do sr Venceslau na noite do evento, e ao tombarem do topo do parapeito da chaminé, pegaram fogo nos naperões de coroché premiados da Srª Dª Mãezinha do sr Venceslau, alastrando depois as chamas ao resto da habitação, zona de caramelos incluida. A questão que o sr Venceslau então coloca é muito pertinente, pois qual o porquê das velas numa casa que tem luz eléctrica?! A resposta é bastante simples, pois tinha faltado a luz nessa noite.
“Mas eu não estava em casa, como é que haviam velas acesas?!”
Mas aqui o sr cabo da guarda retorquiu com o tom de brio profissional de quem se orgulha de um trabalho bem feito “Meu caro cidadão, ao estar escuro e o nosso sargento ao fazer a ronda ter visto um vulto na sua habitação, interviu através do extenso treino de que é portador e abateu o dito vulto, que ao cair levou consigo as velas que provocaram o incêndio. Mas não se aflija pois estamos em crer que a acção foi profiláctica e impediu o meliante de meliar a sua vivenda.”
E agora perguntam-me, quem era o “meliante”?
Pois era nem mais nem menos que a Srª Dª mãezinha do sr Venceslau que lá tinha ido para alimentar o papagaio e que quando se apanhou às escuros acendeu umas velinhas para acabar a tarefa.
A nossa guarda é mesmo de uma “inficiencia” estrondosa!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Um jardim de anões

Todos conhecem a Srª Dª Humberta da pensão, e ainda melhor conhecem o seu espantoso jardim de anões. É que a Srª Dª Humberta tem na entrada da sua casa a maior e mais completa colecção de anões de jardim da Península Ibérica, contando com Espanha e Andorra.
O curioso é que quem já visitou a sua sala de estar reparou certamente que está forrada de cima a baixo com posters de wrestlers, do sr Arnaldo sarcenéguere, do sr Silvestre do estalone, e de uns latagões cheios da cabedal em geral.
Ora o sr professor Eustáquio tem um certo fraquito pela senhora e de tudo faz para lhe cativar o interesse. Certa vez decidiu que iria fazer-se passar por super herói, daqueles que se vê nos filmes, que voam e saltam e andam com as cuecas por fora dos colants. Se bem o pensou, melhor o fez , e inventou de imediato o “fato especial de super-herói com as cuecas por dentro”. Este dito fato consistia basicamente sobretudo de borracha, um par de galochas, dois clips e um elástico, embora a função das galochas fosse um enigma.
Eis que chega o lusco-fusco e o sr professor se lança na sua nova demanda de super(?) herói oficial cá da terra.
Para se fazer notar deveria no entanto ter um arqui-inimigo, um super-vilão daqueles muito fortes e mal encarados, e se possível e não sendo pedir demais, que cheirasse mal da boca ou dos pés. O problema é que cá na terra somos todos muito pacatos, à excepção do sr sargento e do sr cabo da guarda, mas esses é treino especial mesmo.
Depois de muito puxar pela cabeça o sr professor decidiu que o melhor era imaginar um adversário super maléfico e combatê-lo mesmo sem o ver … sim era isso … o “ super homem invisível e muita mau comás cobras “ seria o novo perigo para as donzelas cá da terra.
Só faltava ter um nome para anunciar, quando salvasse a Srª Dª Humberta das garras desse vil e imundo ser … assim algo com impacto … nunca dantes visto e que tivesse a ver com heróis … tipo … Super Homem! … não, super homem não, porque ele era mais do que isso, ele seria o … MEGA PROFESSOR , já que mega é mais que super.
E a sua primeira demanda seria proteger o jardim de anões da sua amada.
Dito e feito, lá se pôs ele de guarda de cima do castanheiro que fica à entrada do tão famoso jardim.
Eis que senão quando, uma ténue luz se faz ver através da nesga da porta da entrada. “É o meu Némesis” pensou o professor e lançou-se no vazio para deter aquela magna ameaça!
O problema foi que ele não contou com o facto de o fato não lhe dar poderes e os seus tempos de gato dos telhados nunca tinham sido, quanto mais voltarem.
Catrapumba, espatifou-se mesmo no meio dos anões,e com o barulho a Srª Dª Humberta veio ver o que se passava. Espreitou, mas como não tinha os óculos postos e já estava escuro, olhou para o sr professor, e confundindo-o com um anão exclamou “Óh mas que engraçado, nunca tinha visto como este meu bonequinho é parecido com o sr professor Eustáquio”.
Escusado será dizer que o homem ficou desfeito. E não era para menos. Querer armar-se em gigante e acabar a parecer um anão( e de jardim ainda por cima) é algo que nem mesmo um professor aguenta.
Como se diz cá na terra “ Se não queres ser lobo, faz a barba e corta as unhas”, por Homessa!

quinta-feira, novembro 02, 2006

As ovelhas e as vindimas
ou
a casa do sr Visconde
O sr Valentim dos motores foi convidado a passar um dia na casa do sr Visconde, honra de alto gabarito para qualquer pessoa cá da terra. Diz a Srª Dª Branca da raspadinha que ao princípio ele ficou desconfiado, sendo Jeová e isso. Mas depois parece que lá se acalmou e percebeu que era para tomar um chá com bolinhos de canela feitos pela Srª Dª Irene dos docinhos e até ficou entusiasmado. É que isto de conhecer personagens de sangue azul na intimidade do seu lar tem o seu status.
O chá até pareceu correr bem, até ao momento em que o sr Valentim derramou um pouco de doce de ginja no colo e teve de pedir para ir ao lavabo.
Para quem não sabe o sr Visconde vive numa casa senhorial, muito antiga e com imensas reliquias, sendo precisamente uma delas um lavabo do século XVIII em que foi instalado uma torneira de mistura a imitar o estilo da época.
Ora o sr Valentim, desconhecendo a maneira ideal de usar tão recente torneira em tão antigo lavatório, tratou de lhe dar uma "valente" volta, e, sem mais nem menos o bendito lavatório, onde dizem que Dª Maria a Pia lavou as mãos, descaiu para um lado, balançou para o outro e com um enorme urro de canalizações velhas a partir, toca de saltar para cima do homem. Com o susto o sr Valentim, que certamente pensou estar a sofrer o ataque de um cão de loiça, desmaiou, e a água foi acumulando até sair em catadupa em direcção à famosa escadaria da mansão do sr Visconde. Esta escadaria é famosa pois está enfeitada com armaduras de gala, muito polidas e brilhantes, que são a luz dos olhos de gerações de srs Viscondes.
A água, que veio com imensa força devido à pressão da acumulação no lavabo, empurrou as armaduras que deslizaram em grande velocidade em direcção à porta de entrada no exacto momento em que chegava o sr sargento da guarda, que ao ver aquelas coisas metálicas enormes a avançar na sua direcção apelou para o seu treino militar, puxa da arma, e dá três tiros em cheio na primeira armadura e a seguir um tiro para o ar, de modo a salvaguardar os interesses do relatório que iria ter de fazer. Ora no andar de cima estava a Srª Dª Minervina, governanta do sr Visconde, cujo espartilho é atingido pelo último tiro, ragando-se os atilhos, e claro originando uma explosão de adiposidades e glandulas mamárias que atingem em cheio o manequim que servia para ornamentar o salão de baile nas ocasiões que o pediam.O dito manequim cai para o lado derrubando o pote da noite, que rolou até à janela e caiu precisamente em cima da equipa da RTP que estava a chegar para fazer um documentário sobre os remanescentes da aristocracia Portuguesa. O coitado do jornalista ficou, digamos, escurecido, e azar dos azares, o sr cabo Matias que tinha ficado à espera do sr sargento vê-o naquele estado, após o grande alvoroço, pensa que é um ataque terrorista, e toca de de lhe dar voz de prisão, mas não sem primeiro lhe dar dois tiros com a arma de serviço.
O que eu penso disto tudo é que mais vale ir às vindimas ou pastar as ovelhas que confraternizar com a aristocracia. É muito mais seguro, por Homessa!

quarta-feira, novembro 01, 2006

A chuva e o dia das bruxas





Cá na terra está a chover, o que é bom. A parte menos boa é que o sr presidente da junta resolveu fazer um discurso no café do sr Eusébio acerca do estado da colectividade.
Como todos sabem a colectividade cá da terra tem por objectivo chegar à 1ª divisão aqui do Distrito e este ano foi feito um grande esforço para reforçar a equipa.
O treinador, o sr Bermudo dos calções, mereceu a confiança dos sócios e foi reconduzido, mas danado do homem pediu logo um reforço de renome internacional.
O que valeu foi o sr Faustino das empreitadas ter mandado vir de Angola o Mané das quimbolas, que assim sai da obra lá ao lado da colectividade e vai directamente para o treino.O moço é um latagão, p'raí com um metro e oitenta, se não me falha a vista, e tem um remate que é obra!Literalmente!!
Ora mas o sr presidente da junta quer que os sócios aprovem a vinda de mais um jogador, este da Ucrania, um tal de Ser-gay Mil-e-inté-viche, que vai fazer um part-time na cozinha da estalagem do sr Quintiliano.
O problema reside na questão de ninguém perceber o que o moço diz, nem em que posição joga e se sequer sabe jogar à bola! Mas o sr presidente da junta é que manda, e como tal vamos ter de confiar nele e culpar o treinador se a coisa der para o torto.
Mas o sr professor Eustáquio já se prontificou a dar uma ajuda com a sua última invenção, o tradutor para futebol! Pelo que vi consiste basicamente num dicionário de Português/Estrangeiro, dois clips e um elástico, e parece muito bem, embora ninguém saiba o porquê do dicionário.
E o que tem isto a ver com o dia das Bruxas??? À parte do hipotético bruxedo que fizeram às minis do bar do sr Eusébio, que vieram a saber a carica, pouca coisa ... mas cá na terra nunca se sabe.