Cá na terra

A vida como ela é(?) cá na terra do sr Vegeta Da Silva ... ou como fazer um bolo igual ao da filha da Srª Dª Adelaide dos ovos.

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Localização: Freixo de Santa Comba de Espada à Cava, Portugal

terça-feira, janeiro 23, 2007

"Cogumelos, cogumelos" ou "Um dia na vida do sr Frascário do vasilhame"

Cá na terra abriu a época de caça aos cogumelos, esses bichos perigosos que se nos apanham a modos nos deixam com mais borbulhas que picos há num ouriço.
Mas o sr Frascário do vasilhame não vai aos cogumelos, por impedimento profissional, sendo este composto à base de ter dificuldade em se agachar por causa da espondilose.
Ora não podendo ele enveredar por esta ocupação sazonal aqui das gentes cá do sítio, nada lhe resta senão tentar ocupar o seu dia do modo mais atarefado possivel, facilitando assim a supressão da angustia que lhe causa a época, um pouco como faz o Marcelinho frango o guarda-redes da colectividade antes de um penalty.
Neste dia em particular decidiu-se por fazer umas limpezas no sótão, onde consta que já não ia à tanto tempo que entretanto se desenvolveram e extinguiram novas espécies que por lá habitaram.
E foi vê-lo, determinação marcada no rosto, ou então eram só as rugas, a subir a escadaria de balde e esfregona em punho, qual herói biblico, um autêntico sr Moisés contra as hostes bolorentas do sr Faraó, ou Badaró, ou lá o que era o raio do homem. Munido da sua arma de limpeza massiva, o lava-tudo com amoniaco, abriu cautelosamente a porta e preparou-se para uma visão que seria mais ou menos o inferno das empregadas de leste, caso houvesse um.
Mas, à parte da esperada acumulação de poeira, nada de maior deslimpeza vigorava no local. O que havia sim, era uma acumulação de reliquias que à muito não viam a luz do dia. Era o caso do gramofone só com meio altofalante que havia sido pertença do sr Turmentário do sabão azul, Deus o tenha em paz e com muito rapé para o manter feliz. Estava lá também a camisa de dormir da Srª Dª Gertrudes da mula coxa, que dizem ter servido para fazer um exorcismo a um padre transmontano que ao que parece estava possuido por um demónio dos montes de feno e que o levava a perseguir as moças em idade casadoira.
Mas a "peice de registanse" foi a descoberta do mapa da mina perdida do Sr Conde de montanelas.
Para quem não sabe Sua Excelência o Sr Conde Amadeu de montanelas foi um grande revolucionário, que esteve envolvido na revolução francesa, sendo que a sua contribuição consistiu à base de ter aumentado a taxa de natalidade em 30o por cento enquanto andou pelas terras dos crepes da Srª Dª Suzete.
Reza a lenda que o sr Conde tinha uma mina de Francio, ou franciú em estrangeiro, que é um metal muito raro. É tão raro, mas tão raro, que cá na terra ninguém sabe o que é, mas deduz-se, e pensa-se também, que algo com um nome daqueles deve ser de grande valor.
Infelizmente o papel estava comido pela bicharada e tinham-lhe crescido uns cogumelos em cima, o que nem é assim tão mau, pois ao fim das contas o sr Frascário sempre acabou por apanhar algum, mesmo não tendo saído para ir à caça.
Um caso para dizer "quem cogumelos quer, aos Franciús os toma", por Homessa.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

"As corridas de cavalos" ou "O que temos para o jantar?"

Cá na terra o desporto rei é a bola, mas de quando em vez lá vem alguém a querer implementar uma qualquer outra modalidade. Desta vez foi o filho do sr Visconde que decidiu construir um cavalodromo, que são aquelas pistas onde se fazem corridas de cavalos, e trazer o cavalismo aqui para entre as nossas gentes.
A complicação disto é que cá na terra não temos cavalos, só uns jericos e uma ou outra mula, nomeadamente de estimação, como no caso do sr Olegário dos apitos. Mas seria um crime e uma ofensa ao menino Viscondinho não usar tão belo e bem construido estádio cavalar e então ficou assente que todos entrariam, cada qual como e com o que pudesse.
O sr Ernesto, claro, levou a vaquinha dele. A Srª Dª Minervina das cebolas entrou com o jagunço, o rafeiro de caça que anda sempre entre as suas saias e que apesar de ser curto de patas corre que se farta se desconfia que algures há salsichas. O Carlinhos mané, essa glória da colectividade, apresentou-se com o Pelé, o macaquinho que a senhora dele lhe ofereceu pelo Natal, e o sr Bergonómio dos parafusos levou um grilo que apanhou de propósito para a competição.
Houve porém um pequeno contratempo no dia da grande corrida, que se resumiu à base do menino Viscondinho ter ficado doente, com uma ensaxeca ou lá o que é, e não ter podido entrar com o cavalinho dele. Uma grande pena, claro, mas como já estava tudo organizado fomos para a frente com a competição, apesar de também não termos conseguido que a Srª Dª Manuela do moura viesse cá fazer uma reportagem, mas parece que a equipa teve de ir filmar um galo suicida num galinheiro na vila aqui ao lado e não foi possivel a deslocação a tempo, porque o raio do magano não atava nem desatava. Um caso para dizer "nem o galo morre nem a malta ceia, ou aparece nas notícias".
mas passemos ao importante que é o resultado das duas voltas ao campo por parte dos bichinhos campeões cá da terra. Parecia uma Olimpíada, mas sem o Olim, que teve de ir à cidade comprar um tubo catatónico para a televisão dele e não pode estar presente.
Foi dado o tiro de partida pelo sr Sargento da guarda, que por falta de experiência em eventos desportivos, disparou a direito e acertou por azar no carro do sr Amadeu das empreitadas, estilhaçando o pára-brisas e dando cabo do computador de bordo. Pobre homem tem mesmo pouca sorte como os veículos que adquire...
E lá arrancaram os nossos heróis desportivos para aquele dia, com o Jagunço a ganhar a dianteira à procura de salsichas, mas rapidamente a ser desclassificado por fazer corta mato. O Pelé entretanto já se deslocava na direcção oposta ao sentido do campo, uma clara falta de GêPêÉsse, ou lá como se chamam as bússolas agora, que o levou também a ser eliminado. Quanto à vaquinha do sr Ernesto, nem se mexeu pois encontrou um monte de erva, aparentemente bem saborosa por sinal, e dedicou-se à ruminação pachorrenta ao invés de à corrida desenfreada.
A vitória teve de ser atribuída ao grilo do sr Bergonómio não porque ele tivesse corrido todo o campo , mas como tinha avançado alguns centímetros e levando assim a dianteira se propiciou a que se lhe desse a medalha e pudessemos todos ir ver a bola e beber umas minis para o café do sr Eusébio.
É que ao fim ao cabo o desporto rei cá na terra continua a ser o futebol!
Quanto ao jantar, nem eu sei o que é, por isso ficamos todos na mesma.