Cá na terra

A vida como ela é(?) cá na terra do sr Vegeta Da Silva ... ou como fazer um bolo igual ao da filha da Srª Dª Adelaide dos ovos.

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Localização: Freixo de Santa Comba de Espada à Cava, Portugal

quarta-feira, abril 13, 2011

O défice cá da terra

ou

Tácticas à FMI

Rebentou uma bomba cá na terra!

Ora então não vejam lá vomessês que o sr Presidente da junta nos veio comunicar, em assembleia general extra e ordinária, que Sua Excª o Sr Presidente da Câmara havia renunciado, que é anunciar para trás, ao lugar que tão excelsamente ocupara ao longo destes últimos trinta e seis anos, e estava em recuperação de saúde em parte incerta para não ser incomodado.

Como é obviamente óbvio ninguém gostou! Então o homem que liderou estas nossas terras durante tanto tempo, que tanto prometeu, tanto anunciou, tantas primeiras pedras lançou, afastou-se assim abruptamente (que pela complexidade da grafia deve ser à bruta mas ao contrário), do cargo, e de modo claramente forçado retira-se para retiro?!?

E mais grave ainda, tem de o fazer de modo emcógnito?!?

Mas será que já ninguém respeita uma pessoa doente?!?

Terá um Homem de estatura inegável, de inigualável ombridade (que é ter os ombros largos por causa dos almoços e jantares), de inenarrável concuspiscência (e se ele sabia cuspir por Homessa), se esconder para recuperar a sua saúde após uma vida dura de serviço público?!? Só neste terra!

Não meus caros concidãos e concidadoas! Basta, diz cá o silva, basta!

Deixemo-nos de perseguir quem nos deixa obra feita, como a ponte virtual sobre o ribeiro cá da terra, quem por nós todos deu a cara em tantos almoços e jantares de enfado, quem tão bem nos representou por esse estrangeiro mesmo em férias (sempre em serviço à Rês Pública), não exijamos mais de quem até nos deixa coisas tão complicadas que têm de ser escritas em estrangeiro como um Deficit!

Destas páginas vai, em jeito de humilde homenagem, o agradecimento sincero e uma lágrima sorridente de apreço a Vª Excª sr presidente, pois sem Vª Excª não seríamos ninguém, não teríamos nada, que nem sequer o sr Amadeu do stand andaria de Mercedes.

Bem-haja sr Presidente, e umas estimadas melhoras que se querem rápidas e sem sobressalto.

Assinado: V. da Silva

PS(que é apostila segundo o sr dr Batista bastos e não Partido Socialista como sempre pensei)- após a escritura destas linhas foi decidido na dita assembleia que iríamos fazer uma intervenção à FMI em relação a este assunto. Para os desconhecedores, FMI é a sigla que define “Fomos Masé Imbora”.

quarta-feira, julho 15, 2009

"A visita ao zoo"
ou
"Um livro com trezentas páginas"


Tinha de acontecer! Finalmente e após anos de espera paulatina, que devem ser duas moças irmãs ou assim, o fundo de viagens da junta cá da terra facturara um montante suficientemente alto para permitir que uma delegação embaixatória se deslocasse ao famoso Zoo de Lisboa. Ora havia na altura uma dúvida no que respeitava à localização de dito sítio, sendo que Lisboa é muito grande, com teorias que defendiam que nem Espanha e Badajoz juntos davam para a cobrir, ou tapar, ou enterrar ou seja lá o que for.
Então o que se passava é que uns defendiam que era no Terreiro do Paço, outros que era no Parque Eduardo VII, outra opinião que era em São bento e finalmente uma pequena parcela que alegava que ficava em Sete Rios.
Todos sabem que no Terreiro do Paço abundam camelos e asnos devido ao tráfego automotivo, mas são precisos muitos mais bichos para fazer um Zoo.
No parque Eduardo VII ninguém sabia bem que tipo de bicharada para lá havia, mas ao vermos como o sr cabo da guarda ficou aflito quando tal foi mencionado, bicheza de boa índole não poderá ser.
São Bento era quase do consenso geral, pois tem raposas, lobos, camelos, burros, asnos, mulas e comunistas e fascistas e os que lá andam pelo meio a fazer não sei bem quê. Mas não tinha golfinhos, nem focas, nem pinguins... bom, talvez no restaurante seja capaz de ter os pinguins, mas no geral ainda não estava completo.
Logo e por eliminação de partes ficava apenas Sete Rios, lugar improvavel pois com tanto rio ainda se afogavam os bichinhos todos, mas de qualquer modo ficou decidido que rumariamos a tal local e averiguariamos com os nossos próprios olhos, e uma ou duas máquinas fotográficas, uns quantos farneis, casacos de abafo pelo sim pelo não, e a grafonola do sr Graciano dos leitões.
A equipa foi convocada pelo treinador, ou melhor, embaixador, o sr presidente da junta. Consistia então no sr Eusébio do bar, porta minis oficial cá da terra; o sr Dionisio do banco, que pediu o favor de entrar na comitiva por vias de estar à perna com uma comissão de inquérito; o sr Amadeu das empreitadas, que ia para ver como era o Zoo a fim de se fazer um futuramente cá na terra, mas à base de porcos e galinhas; O sr Raimundo das loiças em virtude de ter patrocinado a viagem com uma caixa de pratos e duas dúzias de copos de minis; o sr sargento da guarda, como escolta oficial; o sr professor Eustáquio, à cabeça, e corpo, da ala cultural; o sr padre cura, representante das mais altas instâncias e finalmente aqui o silva, indispensável cronista oficial.
A furgoneta da junta ia à cunha, e zarpámos para a aventura em terras de além Tejo, ou seja, na terra dos outros. O raio da breca é que devíamos ter pedido ao Carlinhos do TIR para nos ensinar o caminho, pois assim não nos perdíamos logo à saída da vara da srª Dª Amália dos porcos acabando por ficar sem gasóleo no Monte dos Tesos e tendo de regressar a pé para a nossa terra. A pé para uns, que o sr padre cura bem que foi às costas aqui do silva, que se não foram as minis de quinze em quinze minutos bem que havera desfalecido para ali no meio de nenhures que nem a Santa dos Milagres à quinta Feira me valia.
Apesar de tudo quase que chegámos lá, sendo que "quase" é suficientemente abrangente para ficarmos todos bem na fotografia que tirámos em frente ao bar do sr Eusébio. Mas se lá tivessemos mesmo estado, acho, que tinha dado para um livro de trezentas páginas, por Homessa!

sábado, abril 19, 2008

Arroz de pato à moda cá da terra

1 pato sem penas
2 cebolas ou então parecido
azeite quanto baste ou até caber
1 chouriço ou então uma mini
2 copos de arroz
1 dente de alho ou de animal semelhante

Apanha-se o pato do jeito que der, e deita-se na panela.(se não conseguir apanhar o pato não ler mais e beber uma mini).Colocar o pato a cozer sem as penas.
Em panela à parte colocar a cebola e o dente de alho picado a refogar em azeite(se não tiver um ou outro, nem parecido, deite uma mini que disfarça bem).
Juntar o arroz e mexer com vigor. Beber uma mini devido ao esforço.
Retirar o pato cozido e desossar se for da espécie que vem com osso. Juntar ao arroz e mexer vigorosamente. Beber uma mini e deitar um pouco no pato, que vai lhe dar "uma nova vida(assim tipo pato de Barcelos).
Esqueça o chouriço e deite mais uma mini. Já agora beba outra.
Deixar a apurar e temperar com sal e pimenta, ou então um pouco mais de mini que acaba por ir dar ao mesmo.
Servir bem quente acompanhado de minis e bom apetite.
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domingo, setembro 16, 2007

"Divisões da bola" ou "Duas voltas e um café"

Cá na terra todos sabem que quando se fala de bola o consenso é geral. Quer dizer, é geral quando está o sr sargento da guarda, que sendo pessoa de índole chefiante, galvaniza à sua volta tudo e todos. E note-se que nem precisa de puxar da arma de serviço nem nada, bastando dois ou três bem colocados pontapés demonstrativos de como o menino Mantorras chuta para que todos se rendam à evidência da superioridade do glorioso. Só é pena o sr sargento não ser o menino Mantorras e acertar sempre em alguém que está em desacordo, por falta de prática futeboleira, evidentemente. O que vale é que entre gente amiga não há árbitros e logo apitos dourados também não. Mas não se trata o tema desta coversa o sr sargento, que apesar de ter uma vida que dava uma novela, ou duas ou três se contarmos com os tempos de recruta e soldado, apenas aqui aparece como artista secundário, daqueles tipo figurante mas que falam, como o sr major Valentão, mas sem direito a boneco.
O tema central deste relato é o grande cisma da colectividade!
E que cisma, pois trata-se nada mais nada menos que de tomar a importantíssima decisão de tornar ou não a colectividade cá da terra numa SAD, que como todos sabem ou deveriam saber, mais não é que tentar adiar a bancarrota do futebol por mais algum tempo ao mesmo tempo que se tenta dar um empurrão aos rendimentos do sr presidente da colectividade.
A grande celeuma advém do facto de alguns dissidentes, que segundo o sr sargento "São uns comunas da merda" e "Se os apanho não fica um para ir aos melros", que não querem que a SAD vá para a frente, ou para trás pois não querem mesmo é que ela se faça.
E à frente deste movimento, apelidado pelo sr presidente da junta como "pró-fascista leninista" está o sr Francisco das loiças, segundo o próprio um "autentico e genuíno porta estandarte das massas". O problema é que nós cá na terra somos mais dados à batata e ao arroz de pato ou de tomate ou carqueja, logo ninguém está muito à vontade com massas, sejam com ou sem estandarte.
Cá por mim umas batatas com couve e azeite chegam, e nem quero ter nada a ver com coisas que mais parecem lombrigas num prato.
Mas adiante.
O sr Francisco é um intelectual, pessoa sincera, com um sorriso sincero, uma postura sincera, um fato de Domingo sincero e o aperto de mão mais firme e sincero da região e arredores e Badajoz. De certeza! É que é tal a sinceridade do aperto de mão do homem, que o sr Bernardino dos coelhos até teve em certa ocasião de ir ao centro de saúde por uma tala na consequência da firmeza sincera e tudo!
O sr Francisco defende, com toda a sinceridade, que a colectividade deveria pedir estatuto de qualquer coisa que não me recorda o nome mas soa bem, e ao que parece faz com que o governo nos dê dinheiro. Deve ser assim como o sr Alberto joão da Madeira faz aos clubes dele, mas que eu também não sei o nome. E o sr Vale do azevedo também fez, mas ao contrário. De qualquer modo diz o sr Francisco que seria melhor para todos, menos para os "vampiros sedentos de sangue argentio e sequiosos por adição aurea", que ninguém sabe ao certo o que quer dizer, mas julgamos tratar-se de algo a ver com minis e arcas frigorificas.
Ora como minis e arcas de frio fazem parte fundamental da cultura e vivência diária do povo cá da terra, mais não se poderia fazer que votar a favor da moção do sr presidente da colectividade e levar o nosso emblema "a novos píncaros", que deve ser algo parecido aos míscaros mas a ver com bola.
Aguardemos pois com serenidade e tranquilidade o desfecho deste grande passo em frente, que quiçá, ou quem sabe para os menos intelectuais, nos poderá até levar à primeira divisão distrital ou até mesmo aos Nacionais!
Cá por mim é como sempre digo, voltas e mais voltas que se dêm cá à terra, vem-se sempre dar ao café do sr Eusébio. E o resto, meus amigos, são minis e conversa. E mais minis, por Homessa.

quinta-feira, agosto 02, 2007

A Odisséia do Silva...

Num belo dia de Verão,
daqueles de grande calor
sem nuvem que se visse,
ou aragem que bulisse,
foi o Silva de abalão
a caminho do monte-môr.
*
Triste sina a deste senhor,
que de viajante tem muito pouco,
mesmo com mapa de monte-môr,
se perdeu a seguir ao Coto.
*
"Deus me acuda" logo disse,
"e me valha a Virgem" acrescentou,
"mas que tremenda azelhice,
que não faço ideia de onde estou"
*
Lá lhe valeu um bom pastor,
que apascentava as ovelhas,
"O caminho para montemor?!...
siga em direcção àquelas velhas!"
*
Sorte das sortes do Silva,
coitadinho,que simples como é,
perdido, e não sabendo o caminho,
teve de ir o resto a pé.
*
Benfazeja a Senhora Dos Milagres,
que decidiu dar uma ajuda,
e tal qual como uma taluda,
o encaminhou ao bar das Sagres.
*
"não tem que enganar,
é sempre em frente até ao centro,
e vire a seguir à casa do Tio Bento"
disse o homem do bar.
*
"Mas até ao centro de quê?"
disse o Silva aos seus botões;
"Se nem casa por aqui se vê,
como chegar a Lafões?"
*
Abreviando um longo relato,
com tanta volta e voltinha,
curvas e contracurvas,
acabei por voltar à terrinha,
com peripécias algo turvas,
e um ou dois furos no sapato...

quinta-feira, julho 12, 2007

"A sequencia do dois" ou "o que fazer ao dinheiro"

De vez em quando cá na terra acontecem acontecimentos de tamanha relevancia e relevantes que ninguém lhes fica indiferente. Ora pois foi o que se passou com a nova teoria do sr professor Eustáquio, que se intitula, e chama também, "a sequencia do dois".
Esta nova teoria, que o sr professor diz que está directamente relacionada com a teoria das cordas apesar de toda a gente saber que ele não sabe tocar nem guitara nem viola, consiste básicamente em defender que tudo na arquitetura do Universo está feito aos pares. Isto só por si é estranho porque nunca ninguém ouviu falar de um arquiteto chamado Universo, mas o sr professor lá sabe destas coisas, pessoa de grande cultura internacional que é.
Reza então a dita que tudo existe em pares, e exemplifica detalhadamente; para o boi, existe a bóia; para a vaca o vácuo; para o gelado a gelatina; para o elástico os caramelos espanhóis; e assim por diante. Quando perguntámos ao nosso professor qual o seu "dois", que é científico para par, ele respondeu que era o universo negativo de Alibaba, que sabemos nós agora ser uma companhia de clips e elásticos.
Como somos pessoas simples e pouco cultas, tudo isto nos parece um pouco sem sentido, mas a nivel dos grandes crânios carolas pensadores deve ser algo espantoso, porque apareceram cá na terra uns senhores que dizem ser jornalistas do "Vozes do Incrivel", o que pela maneira de soar parece ser assim ao estilo do melhor que se faz em Badajoz.
Enfim, a ciência não é para os leigos, que são aquelas pecinhas de plástico que se encaixam umas nas outras e fazem casas e carros e aviões. Como tal, cá o Silva vai é jogar no totobola a ver se sai um treze de modo a poder comprar um tractor topo de gama com jantes de liga leve... embora eu nunca tenha visto nehuma senhora dar a impressão das ligas serem pesadas. Mas adiante, que isto de pensar no que fazer ao dinheiro dá a volta ao miolo e pede minis com urgência, por Homessa.

sexta-feira, julho 06, 2007

"Poema anti-reacionário"

Tenho pouco de poeta,
menos ainda de político,
nunca apanhei pé d'atleta
ou defendi um causídico!

Estou à esquerda da oposição,
mas das minis à direita,
que para falar com convicção
não se pode ter goela estreita!

Defendo fracos e oprimidos,
contra reacionários e afins,
mandaram-me tomar os comprimidos
para não lutar com delfins.

Pois farei finca pé,
num terreiro cá da terra,
defenderei honra e fé,
e o que mais estiver na berra!

quinta-feira, junho 14, 2007

"Santo António me acuda"

Por vezes cá na terra as coisas não correm como esperado. Que o diga o sr Diamantino da peixaria, que neste dia passado de Santo António tudo lhe correu de contrafeição, que para quem não sabe é o mesmo que ao contrário, mas dá um ar mais culto e sofisticado.
Ora como é do conhecimento geral, cá na terra as festas dos santos populares são ocasiões de tradição, com missa, marchas, o sr Joaquim dos barreiros, pão, bifanas, sardinhas, minis e fogueiras. Pois foi a parte das minis, sardinhas e fogueiras, que complicou tudo ao sr Diamantino. Confusos? Eu passo a elucidar, que é como quem diz explicar em linguagem de cidade.
Todos os anos o sr padre cura chama a si e à paróquia a organização das comemorações dos santos populares, desde a missa à quermesse, passando pela contractação dos fornecedores do arraial e até da animação. Este ano, e para não ser diferente dos outros anos, o sr Diamantino ficou encarregue de fornecer as sardinhas, de preferência gordas e pouco galdérias, nada como aquelas do anuncio da coca-cola, que deviam de ser sardinhas transgésticas, de tão assanhadas que eram. E até estava tudo a correr pelo melhor, com o peixe bem acomodado e pronto para grelhar na brasa, e as minis a escorregarem calmamente pela goela que até fazia calor. O estaminé, que é estabelecimento em estrangeiro, do sr Diamantino estava muito bem conseguido e enfeitado, com os balões e as fitas, e uma imagem do santo a dar um sermão tal aos peixes que estes já estavam verdes. Era isso ou então o quadro está tão velho que a tinta já está esverdear, assim tipo os senhores deputados da assembleia, mas sem as secretárias jeitosas. Ao canto estava como não poderia deixar de ser, o braseiro onde o peixe iria a grelhar, e em fila estava a bancada do pão e das minis, embora estas estivessem a diminuir a olhos vistos.
Seria esta preparação do funcionamento que transformaria o arraial em algo mais que o normal. É que o sr Diamantino, ciente que uma boa brasa é que faz a sardinhada, tratou de puxar pelo braseiro até ter um fogo digno de Mefislotofles, que é o nome que dão ao Diabo nos bares de coqueteiles na Russia.. "Brasa afeitada, sardinha assada", como se diz cá na terra, e estava o homem em grande azáfama de põe sardinha, vira a outra, põe mais uma, "Óh freguês pegue lá esta quentinha", quando começou a vir à tona o efeito das minis fora de tempo. Vai que ele agarra numa mini por engano, coloca na grelha, vira-se para o balcão do pão, puxa de uma fatia grossa, e vira-se de novo para o braseiro mesmo em tempo de ver a garrafa a cuspir a tampa e o conteúdo a sair em jacto como se fosse uma garrafa de champanhe a imitar espumante. O esguicho cervejeiro tratou de acertar em cheio na imagem do Santo, que tombou para cima dos balões que pegaram lume de imediato. Com o problema de visão turva que estava o sr Diamantino pensou que era uma manifestação milagrosa do santo casador, e prostou-se logo ali a rezar uma Avé-Maria, não tendo percebido que o fogo era real e estava a chegar à barraca do lado, que era a dos bagaços e licor Beirão. Com isto chegou o sr presidente da junta, que como é do conhecimento geral sabe tudo acerca de tudo, e tentou logo ali apagar o fogo, mas como ele tinha estado durante a tarde a acompanhar o sr Diamantino na dificil tarefa de manter as minis debaixo de olho, ou dentro do buxo, enganou-se. Ao invés de água puxa de um garrafão do bagaço em peça do sr Lestiano das aguardentes, despeja-o em catadupa no lume e a bola de fogo que despoletou foi de tal manganitude que levou as sobrancelhas e pestanas de quem se encontrava nas redondezas. Rezumindo, a fogueira era de tal ordem que nada havia a fazer pelas sardinhas, pelo pão, e acima de tudo pelas minis. O que safou foi o sr padre cura, que certamente inspirado pelo santo, benzeu o fogo como sendo a fogueira oficial do arraial, permitindo assim que a festa prolongasse pela noite dentro. Nisto tudo fica a sensação que foi na verdade mais um milagre cá da terra, pois não fora a intervenção da imagem do Santo não teria havido tão grande fogueira, e sem a fogueira teríamos todos ido para a cama mais cedo, com a inevitavel perda de convivio, mas acima de tudo de consumo de minis e bifanas. Esta nossa terra é mesmo abençoada, por Homessa.

quarta-feira, maio 30, 2007

"O segredo do milagre das rifas" ou "Sonho de uma quase noite de Verão"

Cá na terra um dos pontos altos das festas da santa padroeira é a tiragem dos numeros vencedores das rifas da paróquia. É um momento emocionante, carregado de simbolismo, pois até hoje a Santa sempre deu a vitória à paróquia e fala-se à boca pequena que o milagre já está a ser ponderado pelo Vaticano e tudo.E isto para nem mencionar a suprema bondade e sacrificio da Santa, que todos os anos oferece o 1º prémio de volta ao senhor padre cura para ser de novo rifado no ano seguinte. Porém devo mencionar que o entusiasmo pelo prémio já não é o mesmo de à 40 anos, pois apesar de o Fia-te Quinhentos ainda ser um bólide de meter inveja a qualquer senhor ministro, o preço da gasolina não desperta muita cobiça de o possuir. Mas básicamente o que interessa agora é a hipótese de o milagre se manter inalterado ou não, o que já levou a que o sr professor Eustáquio inventásse um aparelho de medir probabilidades. Espantoso como já é habitual, este invento consiste à base de uma esquadria de batalha naval, um contador gaiguer, três bolas de naftalina, dois clips e um elástico. E funciona! Ficou provado quando a aposta do sr professor, que disse que a Santa voltava a ganhar pela paróquia, foi a vencedora. Mais um espantoso feito de um dos cidadãos mais eminantementes cá da terra.A pergunta que se faz todos os anos ao sr padre cura é sempre a mesma: "Qual é o segredo por detrás das vitórias?"; ao que ele responde sempre: "Os milagres não têm explicação... perguntem ao sr Pinto da costa do fêcêpê."Cá na terra já se fala em arranjar uns pastorinhos e proporcionar a hipótese de acontecer os "três milagres de Santa Comba De Espada À Cava". O sr Eusébio do bar já sugeriu até que para não se fazer igual aos outros, ao invés de pastorinhos fossem usados antes pastéis de massa tenra, que são uma especialidade e também por si um segredo muito bem guardado.Quanto ao sonho, esse é tão estranho que só pode ter sido despoletado pelo mistério das rifas, alguma mini endulterarda e má programação da televisão.Então não é que sonhei que o sr lisandro da funerária estava embeiçado pela menina Hérmia dos bordados, e que esta estava embeiçada de volta apesar de ser objecto do embeiçamento do sr Demétrio da rouparia da colectividade, que é embeiçador da Srª Dª Helena das rendinhas, e que se casam todos juntos com o sr Duque das antenas que estava para casar nesse dia com a Srª Dª Rainha do amazónias e durante o copo de água no meio de um pinhal à noite, o rei e a rainha dos doentes, ou lá o que são aqueles senhores com orelhas bicudas parecidos com o sr Sepoque das estrelas mas mais engraçados, queriam adoptar um menino indiano, provavelmente para lhes ensinar a fazer caril. Ao fim às contas a rainha a apaixona-se por um rapaz com cabeça de burro, que penso ser o menino Cristiano do ronaldo e acabam todos de bilhetes na mão a perguntar quem é que afinal ganhou o primeiro prémio das rifas cá da terra. Safa que isto dos sonhos esotericos é matéria mesmo só para quem tem poderes superiores.

sexta-feira, maio 25, 2007

"Esta é a vida que a guarda tem"

Cá na terra somos todos esforçados, mas o sr sargento e o sr cabo da guarda devem estar no topo da tabela de esforço. É que isto de manter a lei e a ordem não é fácil e nem para qualquer um.
Ora vejam lá que ainda no outro dia entrei no posto para cumprimentar o sr sargento e deixar uma lembrança, e me deparei com uma cena digna de um qualquer noticioso de última hora.
Em resposta a um apelo do governo para que a criminalidade baixasse e para que as forças da lei e da grei fossem mais interventivas, o sr sargento em conjunto com o sr cabo tinham apreendido um meliante em pleno acto de meliar, que é como quem diz, com a boca na botija, embora deva saber muito mal que aquilo são feitas de ferro enferrujado. A não ser que sejam aquelas que vêm com as moças com as calças curtas, que aí já se pode meter a boca à botija porque ainda não enferrujou. Enfim, pormenores de meliação que não são para aqui chamados.
O que interessa é que o individuo estava a passar cá na terra com uma gravação de "éme-para-três", ou lá como se diz, de musica pirata. O sr cabo, soldado diligente, e aplicado também, deitou-lhe a proverbial luva da justiça, embora que ande sempre de mãos nuas, e levou-o para o chilindró, que é prisão em chinês. Esta é uma prisão Ai-téque, cheia de amenidades para os reclusos como por exemplo o entertenimento, que é do mais entertinamentador que há. Consiste à base de uma janela virada para a rotunda das brasileiras, que é mundialmente famosa e também conhecida em Badajoz, pelo movimento que gera. Têm também uma sala de jogos, em que os guardas se juntam aos prisioneiros em jogos didáticos como o "Apanha a bala", "Desvia da bota", ou o mui popular "Caí das escadas". E finalmente o ponto alto da inovação protagonizada pela guarda cá da terra, o "interrogatório proactivo", baseado em técnicas cientificas muito antigas e que se baseiam em pedir com calma, serenidade e educação a que o recluso tome consciência do mal que praticou e confesse.
Eu próprio testemunhei um desses interrogatórios, ao meliante pirata por sinal, pois tinha lá ido ao posto para deixar umas minis, que fazia calor naquele dia.
Ao fundo do escritório, mesmo junto à janela que dá para a igreja matriz, estavam o sr sargento, o sr cabo e o dito malfeitor, estando o sr cabo a suplicar que este confessasse o seu crime. Foi espantoso como ao lhe oferecerem uma mini e com a emoção o rapaz confessou. Foi pena foi a garrafa ter escorregado da mão do sargento e lhe ter dado mesmo em cheio na cabeça, mas o que vale é a intenção não é verdade?!
Diz-se à boca pequena cá na terra que uns senhores da América estiveram a aprender estas técnicas inovadoras com os nossos guardas. Se bem me lembro eram de uma terra lá na América chamada Guantamo ou assim. Espero que por lá também estejam a confessr os crimes de livre vontade, que Deus e Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira acolhem os arrependidos de braços abertos.
Mas nem tudo são rosas na vida da guarda. Não senhores. A nossa guarda pode ter de estar até quarenta e cinco minutos sem minis! E ao sol, vejam lá. Sim senhores, leram bem, quarenta e cinco, que acho eu que na lei diz que é o limite máximo de intervalo entre minis que um homem adulto pode aguentar sem danos irreversíveis à sua saúde, como por exemplo tremores, suores frios, visão afunilada, pé de atleta e comichão nas orelhas.
Pois é meus caros, a vida da guarda é dura, mas lá tem os seus pequenos momentos de gratificação. E além disso podem usar botas de cano alto no verão que ninguém diz nada. Ora toma!

sexta-feira, maio 04, 2007

Balada da mini

Sobe leve, levemente,
com uma espuma sem fim.
Será moda? Estará quente?
Moda será certamente
e quente não sabe assim.
.
.
É talvez mania:
Mas isto do tremoço, miudinho,
com uma fresquinha sabia
sempre em boa companhia
melhor que qualquer vinho...
.
.
Quem a toma assim, de repente,
com tamanha avareza,
que mal a vê, mal a sente?
Não é moda, nem está quente,
nem é da redondeza.
.
.
Fui beber. No copo a vertia
naquele bar do ateneu,
loira e leve, loira e fria…
Vou levar uma à minha tia!
Mesmo sem copo, aqui vou eu!

segunda-feira, abril 16, 2007

"Em Abril águas mil" ou "A reforma do Presidente"

Cá na terra Abril ainda é o que era. Temos os cravos em flôr e a sua aplicação prática lá para o fim do mês; temos a final do torneio de dominó da terceira divisão distrital; e temos a chuva, muita chuva, que como toda a gente sabe é muito boa para a lavoura em todo lado, com a possivel excepção de Badajoz.
Ora a chuva é uma benesse muito apreciada, a não ser que se tenha o telhado esburacado, que foi precisamente o que aconteceu com o sr padre cura.
Sabe-se por cá que ele tentou interceder junto de São Pedro para que atrazasse as chuvas de Abril de modo a poder mandar o sr Juliano das telhas arranjar a cobertura da igreja cá da terra, mas ao que parece o Santo não pode fazer nada pois já tinha o calendário muito preenchido, ou segundo consta, recebeu um suborno de trinta missas e cento e doze velas do sr Prior da vila aqui ao lado para seguir em frente. Isto afinal não é só no futebol que há corrupção pacífica. Só não se entende o porquê do sr padre cura não ter avançado com umas cestas de fruta e uns bombons em jeito de contra proposta... Afinal se é assim que fazem os mestres também iria resultar neste caso, não é verdade?!
Mas infelizmente não foi possivel parar a chuva, e o sr Juliano lá teve de ir à pressa remendar os buracos do telhado da Capela, mesmo por cima da estátua de Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira.
Diz quem viu que o homem subiu pela escada maior que tinha com uma cara de missão impossivel, assim ao jeito de sr Tomás cruzes, resolução estampada no rosto, e a laca que lhe segura o penteado em cima da careca a descer por ele abaixo também.
E foi aí que o demo pegou para danar esta tão solene e santa reparação. É que o sr Juliano, preocupado com a sua imagem, como qualquer grande homem de negócios deve, estava sempre a tentar colocar as madeixas no seu devido lugar, fazendo o trabalho apenas com uma mão. Ora essa bendita mão acabou por escorregar na pasta de laca que entretanto se havia formado nas telhas, e o coitado do individuo fez um zig para um lado, tentou compensar com um zag na direcção oposta, falhando redondamente e acabando por cair não pelo telhado afora, mas sim pelo telhado adentro, estatelando-se mesmo em cima do missal, enquanto que o sr padre cura com o susto lhe dava um achaque que só pode piorar em virtude da imagem da Virgem entretando lhe ter caído em cima devido a toda esta comoção.
Segundo o sr Doutor Ezequias do posto clínico, o sr padre cura vai ficar bom, embora com a boca um pouco torta e os olhos ligeiramente trocados, mas só dá por isso quem souber, e estiver de frente, porque de trás não se nota nada.
Já o sr Juliano teve pior sorte pois a laca que ainda restava nas madeixas pegou lume de umas velas que estavam no altar, e ao que parece vai ter de usar uma peruca durante uns tempos. O que vale é que o sr Olívio dos seguros foi um mãos largas e usou a apólice dos acidentes de trabalho para lhe adquirir a dita peruca. Porém esta é estranhamente parecida com a que a senhora dele usou no carnaval, assim loira e comprida aos caracóis, mas como não deixa de ficar bem ao sr juliano ninguém presta grande atenção.
No que toca ao buraco, como entretanto parou de chover, o Carlinhos do TIR trouxe uns individuos da cidade que trataram de reparar o telhado em menos de nada, talvez um pouco incentivados pela presença constante do sr sargento da guarda, que como todos sabem é pessoa calorosa e afável e que sem dúvida fez os trabalhadores sentirem que estavam a realizar um trabalho santo e divino. De tal modo assim foi que nem quizeram ser pagos ou esperar que o Carlinhos os levasse de volta, veja-se lá como a fé ainda pode inspirar o coração das pessoas.
Quanto cá ao Silva, estou reformado da política. Posso agora voltar às minhas minis sem ter a preocupação que apareça algum jornalista a investigar e depois ser acusado de chinocofobia por não beber médias ou XL. A vida de político é dura, por Homessa!

quinta-feira, março 15, 2007

"A visita do sr inspector" ou "Queijadas, queijadas"

Esta semana recebemos cá na terra a vista do ilustre e importante sr inspector dos serviços sanitários, que curiosamente inspecciona a comida dos outros. Cá na terra sempre fomos de opinião que não se mistura comida com sanitários, mas os senhores doutores da cidade é que sabem.
No café do sr Eusébio correu tudo muito bem, à excepção do sr inspector ter recusado as minis que lhe queríamos oferecer, dizendo que era uma tentativa de suborno, que ao que me parece assim de repente deve ser uma espécie de forno ou coisa parecida. Quem disse ao homem que as minis vão ao forno não foi lá muito simpático, mas há gente assim no mundo e até em Badajoz.
O que interessa é que as mesas da bisca e do dominó estavam em conformidade com as regras, embora ninguém saiba o porquê de ele ter dito que a televisão de ver a bola estava a infringir os direitos de Autor. Ora se nós nunca ouvimos falar desse jogador, "o Autor", que deve ser estrangeiro ou assim, como é que podemos estar a infringir seja lá o que fôr? Isto seria uma pergunta para o sr Dr José do mourinho responder, lá das terras do Celse, ele que sabe tudo o que há para saber sobre bola e afins. Adiante.
O pior da visita foi quando o sr inspector decidiu ir à queijaria da Srª Dª Brites.
É que a Srª Dª Brites tem um boi Xarolês de guarda, animal grande e possante e que foi treinado pelo sr sargento da guarda, o que o torna provavelmente o melhor boi de guarda do mundo e arredores.
Mas o sr inspector não sabia, e como para estes moços da cidade os bois são uma coisa que nasce aos bifes no talho, não teve os devidos cuidados de aproximação, ou neste caso -não aproximação- e quando demos por ele já vinha a correr à frente do animal.
Não pensem vomessês que estavamos preocupados com os chifres do bicho, não. Estavamos era preocupados com as técnicas de imobilização subtil que o sr sargento incutiu ao magano, decerto semelhantes às que ele próprio aprendeu aquando se treinou para a guarda, e que devem vir de terras misteriosas do oriente, artes marciais assim tipo os filmes de ninjas... Vomessês sabem o que é. É que estas técnicas são levadas da breca, como por exemplo a "patada lateral com esmagamento das costelas", "o coice contra o pinheiro manso" ou ainda "o casco frontal no meio da testa".
Graças a Deus e a Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira que o sr inspector conseguiu chegar a tempo à cerca do curral, evitando assim algum hematoma no pobre do Bolinhas, que é o nome do bichinho. Coitadito empenha-se tanto que se esquece que também é frágil e se pode magoar.
Do sr inspector nunca mais ouvimos dizer, vá-se lá saber porquê. Nós só o tratámos bem cá na terra. Há gente da cidade que é mesmo ingrata e pouco calorosa. Deve ser por causa dos semáforos da cidade. Se fosse cá na terra até ficávamos tontos com tantas luzes às cores o tempo todo. Felizmente o sr presidente da junta não quer cá nada disso, e temos antes o sr cabo da guarda a orientar a hora de ponta no cruzamento em frente ao café do sr Eusébio.
Quanto a mim queiram desculpar, mas as minhas novas funções de presidente do mês obrigam-me a dar por finda esta interventiva, e além disso tenho de ir provar a mais recente inovação culinária da Srª Dª Irene dos docinhos, a espera-se incomparável, "queijada de minis"!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

As máscaras do Dia De São Entrudo





Com a aproximação do Dia De São Entrudo a azáfama da preparação dos disfarces de Carnaval está ao rubro. De tal modo estão todos atarefados, e também ocupados com a tarefa, que em certos casos até houveram mudanças de última hora.Como o sr Quintiliano da estalagem, que desistiu de ir como Zorro e ao invés vai colocar na cabeça duas antenas que o sr Manuel do táxi lhe emprestou e passa a estar mascarado de formiga obreira. É que segundo ele, não é fácil preparar o negócio para o fim de semana prolongado e ainda ter de andar a marcar Zês no peito das pessoas.E assim também fica mais dentro do papel, porque sempre está habituado a trabalhar como o tal bichinho e até tem a senhora dele que se comporta tal e qual como a cigarra da fábula. Sem dúvida merecedor do prémio da labuta, ou no mínimo de uma menção honrosa por parte do júri.
Já o prémio de originalidade tem dono garantido na pessoa do sr presidente da junta. É que não é todos os dias que alguém aparece de cão de loiça, ainda para mais a dar parecenças de pito bule assim como o sr Dr major do valentão. É verdadeiramente fantástico o sr presidente, apesar de haver quem diga que ele se poderia disfarçar de politico a sério, vá-se lá saber porquê.
O prémio de popularidade vai ter de ir sem dúvida para a máscara do Carlinhos Mané. Grande homem este, expoente e glória da nossa colectividade, e que para quem não sabe fique a saber, numa só época conseguiu marcar 32 , sim TRINTA E DOIS autogolos na própria baliza! Que venha lá o sr Rosnádinho caruncho fazer melhor. E o disfarce não poderia ser outro que de sr Marques do mentes, que toda a gente sabe que é o sr Primeiro ministro, pois as semelhanças entre os dois são imensas, senão vejamos- são os dois muito altos e espadaúdos; são ambos grandes desportistas nas suas respectivas especialidades; e conseguem ambos levar a reboque autenticas multidões em êxtase com o seu carisma. São tão parecidos que até nem parece máscara de Carnaval nem nada.
O sr professor Eustáquio tinha pensado em aparecer de Megaprofessor, o seu alter ego super heróico, mas isso poderia fazer com que a sua identidade quase secreta ficasse a ser do domínio publico, e também conhecida por todos, e como tal ele decidiu-se por ir de mona lisa. Uma fantástica produção mascaral, esta a do sr professor, pois todos sabem que com o cabelo que ele tem, todo espetado, e com uma personalidade tão própria que até tem cartão de eleitor e tudo, não seria fácil pôr a mona mesmo lisa. Vá lá que a vaquinha do sr Ernesto deu uma ajudinha com umas valentes lambidelas na brilhantina que o sr professor havia posto no cabelo e a coisa lá foi ao sítio. Para ele irá sem dúvida o prémio de “produção mais laboriosa”.
O prémio especial de “honor religioso” vai sem sombra de dúvida para o sr padre cura, que apesar de não se mascarar usa um capachinho e pinta o bigode o ano todo e afinal isso deve ter de contar para alguma coisa em altura de dar prémios a disfarces à base de adereços e maquilhações.
Mas a distinção de máscara do ano irá, por decisão unânime certamente, para o sr Alvito dos alguidares e a sua vestimenta de “morfes ou sandes de courato”.
É de uma tal e suprema brilhancia que é de ficar pasmado com a capacidade imaginativa, e com a imaginação também, de certas pessoas. Ora o sr Alvito decidiu-se por esta máscara quando um dia lhe falaram em Morfeus, que parece que é o deus do sono, logo certamente uma divindade muito popular entre a maioria das pessoas cá da terra. Mas como ele só tem a 4ª classe e tirada na turma da Srª Dª Vitalina da escola de adultos, quando foi ver qual era a explicação para o nome Morfeus não percebeu bem. Todavia isso não foi problema para alguém tão desenrascado como o sr Alvito, pois se não dá Morfeus então arranja-se algo parecido e daí a ter surgido a palavra “morfes” na caixinha de ideias quase luminosas da cachimónia do individuo não levou dois ou três dias. E como se mascara alguém de “morfes”? Simples, vai de sandes, que nada mais morfavel existe que uma bela de uma bucha. E não há bucha mais bucha que uma sandes de courato não é verdade? “Dito foi, de entremeada foste”, como se diz cá na terra.Quanto a mim vou como de costume, mais para participar na foliagem que para ser original e como tal o meu velhinho fato de grade de minis vai servir e muito bem. O único senão é que se o sr Eusébio do café se deixar ir na onda da brincadeira entrudal ainda sou capaz de acabar na arca frigorifica …

terça-feira, fevereiro 13, 2007

"O desfile de Carnaval cá da terra" ou "A final do torneio de bisca"

A tradição aqui entre nós é sempre respeitada, e o desfile de Carnaval é por cá mais badalado que o de Ovar ou mesmo de Olé, que como todos sabem é em Badajoz.
Este ano o sr presidente da junta lá conseguiu uma verba para o carro alegórico, que irá ser feito com base na junta de bois do sr Quintério dos cigarros de contrabando, e terá como tema central, e aos lados também, as novas tecnologias.
Devo dizer que isto das novas tecnologias é algo que não somos muito conhecedores cá na terra, pois nem todos têm televisão a cores ou telefone sem fio. Mas o sr professor Eustáquio, como é já habitual nele, sempre que envolve máquinas modernas aparece sempre para dar uma mãozinha e esclarecer cá o pessoal. Só é pena que depois de meia dúzia de minis já ninguém consiga entender o que o homem diz, mas devem ser os processos mentais dele que são muito avançados para nós gente simples, e o que interessa é que no fim vai tudo bater certo.
E o sr presidente da colectividade até avançou com a ideia de convidar uma personagem do "getessete", assim para dar ainda mais projecção ao nosso desfile e fazer com a Srª Dª Manuela do moura viesse desta vez mesmo cá filmar. A escolha natural teria de cair em alguém que fosse um reconhecido folião, que dissesse muitas patachadas e e que toda a gente conhecesse. O sr Adalberto do joão foi logo quem nos veio à cabeça, pois para além de ser tudo o que já descrevi, ainda podia com um bocadinho de sorte trazer uns restos de fogo de artificio e montar um espectáculo de foguetes cá na terra. Infelizmente não vai poder ser porque ele já estava comprometido com outros Carnavais e como tal não se pode deslocar aqui para o nosso. A seguir pensou-se no senhor Luís do figo, por ser personagem nacional tão ilustre, mas o sr presidente da colectividade diz que ele agora está mais virado para os temas de mil e uma noites, logo as novas tecnologias cá da terra não o iriam seduzir.
O sr Jorge do nuno também foi abordado por nós, mas quando ouviu dizer que ia-mos ter apitos dourados para ajudar à festa, declinou o nosso convite. Ficámos sem perceber foi o porquê de ter perguntado por uma tal de Srª Dª Carolina.
Na nossa lista constava também o sr Júlio do isidro, mas não pode cá vir por ter um concurso de mini aviões. É estranho isso dos mini aviões, mas deve ser alguma daquelas excentricidades de gente rica que ao invés de irem no avião é o avião que vai com eles. Pensámos também em alguém de fora, do estrangeiro, como o sr Roberto do leal, que tinha a vantagem de vir do país do Carnaval, mas ele disse que tinha os fatos brancos todos na limpeza a seco e que como tal ia ter de ficar por casa não o fossem confundir com algum Português se viesse à rua vestido de outra maneira.
A salvação da escolha para rei do desfile veio na pessoa do sr Manel Luís da graxa, ali da sapataria da Vila aqui ao lado, que além de ter um nome muito parecido ao do sr que é estrela do canal da televisão, também lhe dá ares de parecença, assim tipo aqueles dois irmãos gémeos do filme do sr Arnaldo.
Quase apetece dizer "caso resolvido!", assim ao estilo das novelas de detectives, à excepção que aqui ninguém morreu e que já cá temos o sr sargento da guarda para isso.
Depois do desfile cá virei contar os desenvolvimentos, as máscaras e as peripécias, mas neste momento tenho a final do torneio de bisca da 1ª Divisão Distrital para jogar e tenho de estar concentrado para ganhar ao sr Simão do templo, a que alguns chamam também de "santo", vá-se lá saber porquê.

sábado, fevereiro 10, 2007

"O dia dos namorados" ou "Acudam ao sr Raimundo das loiças!"

O dia de São Valentim está à porta, e embora nos custe cá na terra a perceber o porquê de associarem o sr Dr Major aos namorados, aprovamos plenamente a atribuição de um dia a tão ilustre e justa personagem.
Por cá os festejos vão ser à base de um bailarico animado pelo sr Joaquim dos barreiros, com uma troca de presentes à luz da vela, que é para ser tão romantico quanto pede a ocasião.
Quem está com um grave problema é o sr Raimundo das loiças, pois como é do conhecimento geral não pode dar a sua prenda à esposa em virtude de esta se encontrar em parte incerta com o filho do sr Boronio das roscas de canela.
Mas o sr presidente da junta já avançou com uma proposta, bem ao jeito de político de alto gabarito, como é aliás seu apanágio. Segundo ele, o sr Raimundo vai dar a prenda de São Valentim a um "Fax Similo", ou como se diz, que, explicou ele, é uma espécie de esposa do homem mas a fazer de conta.
A dificuldade até agora foi encontrar alguma senhora que quizesse fazer de fax, o que não deve ser fácil, pois sempre que alguém fizer um telefonema ela vai ter de começar a fazer aqueles barulhos parecidos a uma máquina de café com dores de dentes. Mas o sr professor Eustáquio propôs a utilização do seu último invento, "A Aparentemente Dona De Casa", que consiste à base de uma boneca de encher que ele comprou em Benidorme quando lá foi à convenção de inventores de descascadores de cebola roxa, um vestido às flores, mas sem abelhas ou outra bichada que provoque alergia, dois clips e um elástico. O curioso deste invento é a tal boneca de encher que ao que parece serve para manter o vestido no lugar. Impressionante este homem!
O único senão a ser ainda resolvido é o da instalção da linha telefónica para o dito "fax similo", mas o Carlinhos do TIR diz que vai pedir a um técnico pirata da vila aqui ao lado para dar um jeitinho, que depois se lhe manda umas minis e uns pastéis de massa tenra para agradecimento.
Só que o coitado do sr Raimundo está assim um bocado para o nervoso, afinal não é todos os dias que se vai ter uma namorada nova, mesmo que seja para fazer as vezes da nossa esposa em ausência por força maior... e dizem que o filho do sr Boronio das roscas de canela tem mesmo o motivo em força e muito maior.
Cá por mim acalma-se o homem pedindo ao sr Joaquim dos barreiros que toque uma balada assim tipo "O bacalhau quer temperos", e deixa-se a natureza seguir o seu curso natural. Se funciona com os furões porque não havera de servir para o sr Boronio, por Homessa?!

domingo, fevereiro 04, 2007

"Abifa-te, avinha-te e abafa-te" ou "Santinho"

Já chegou cá à terra a fruta da época invernal, entenda-se as constipações. Começou por dar no sr Venceslau do papagaio, que teve de ficar de cama. O problema foi que a senhora dele não foi na conversa de ele trazer a constipação para o leito do casal, que afinal ela é uma mulher séria e não vai nessas estórias de modernices a três, e pô-lo a dormir com o papagaio. Quem ficou mal nisto tudo acabou por ser o pobre do bicho, que também se constipou e foi espirrando as penas até à calvice total, coitadito.
Mas terrivel, mesmo calamitoso, e desastroso também, foi o sr Eusébio do café também ter ido parar à cama, e não poder abrir o estabelecimento. É que sem sr Eusébio o café não abre, e se o café não abre não há minis, nem reuniões da colectividade, nem torneios de bisca e dominó. E depois aparecem os sintomas de privação. Dizem que o sr presidente da colectividade tremia que nem uma vara verde, apesar de estar meio acinzentado, devido ao facto de não poder reunir com o "setafe" da colectividade. E o que dizer do Carlinhos do TIR, que não pode sair com o camião por falta de combustivel?! Isto de não haver minis é muito tramado é!
Cá por casa a minha senhora seguiu os concelhos da sua tia avó Nicermina das trouxas, e tratou logo de se precaver com os três ÀS. E o que são os três Às? Muito simples, são garrafas de óleo de girassol que se compram na venda da Srª Dª Fernanda. Mas para este caso não servia e teve mesmo de ser a tradicional mézinha de "avinha-te, abifa-te e abafa-te", coisa que eu segui à letra, diga-se. "Avinha-te", disse a minha Maria, e eu avinhei-me. Fui à adega e trouxe um garrafão de 5 litros de vinho novo e vi o compacto da menina Floribela com um novo olhar. "Abafa-te Silva!"; E eu abafei-me, mas como não tinha nenhum cobertor à mão, assobiei para o Mondego, o cão pastor do sr Silvério das ovelhas, que calhou vir a passar e deixei que o animal se "avinhasse" ao meu lado. Depois foi só dormir a soneca junto com o casaco de peles que ele insiste em trazer todos os dias. "Abifa-te homem de Deus!"; E que era suposto eu fazer? Lá tive de me desabafar, embora me deixásse estar avinhado, que penso também que não teria outra opção, e fui até ao frigorifico buscar um bife. Agora o meu dilema foi, com carne do lombo, acém, vazia, pojadouro e sei lá eu mais o quê, que raio de bife é que era o indicado para esta situação? Fartei-me de escarafunchar os miolos mas fiquei na mesma e decidi que o melhor era levar dois de cada. Sim, dois de cada, que o pobre do Mondego também é criatura de Deus e tem todo o direito a "abifar-se" comigo a ver a menina Floribela, ora essa.
"Olha lá ó Silva, e resultou?"; com toda a franqueza nem sei, mas digo-vos uma coisa, esta receita só podia vir mesmo da familia da minha sogra, porque fiquei com uma dor de cabeça do tamanho do boi sr Vitorino por causa do "avinha-te", uma carrada de pulgas por causa do "abafa-te", e tenho os cachorros cá da terra todos à perna por causa do "abifa-te", raios parta a danada da senhora... "Atchim!"... Santinho, Mondego...

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terça-feira, janeiro 23, 2007

"Cogumelos, cogumelos" ou "Um dia na vida do sr Frascário do vasilhame"

Cá na terra abriu a época de caça aos cogumelos, esses bichos perigosos que se nos apanham a modos nos deixam com mais borbulhas que picos há num ouriço.
Mas o sr Frascário do vasilhame não vai aos cogumelos, por impedimento profissional, sendo este composto à base de ter dificuldade em se agachar por causa da espondilose.
Ora não podendo ele enveredar por esta ocupação sazonal aqui das gentes cá do sítio, nada lhe resta senão tentar ocupar o seu dia do modo mais atarefado possivel, facilitando assim a supressão da angustia que lhe causa a época, um pouco como faz o Marcelinho frango o guarda-redes da colectividade antes de um penalty.
Neste dia em particular decidiu-se por fazer umas limpezas no sótão, onde consta que já não ia à tanto tempo que entretanto se desenvolveram e extinguiram novas espécies que por lá habitaram.
E foi vê-lo, determinação marcada no rosto, ou então eram só as rugas, a subir a escadaria de balde e esfregona em punho, qual herói biblico, um autêntico sr Moisés contra as hostes bolorentas do sr Faraó, ou Badaró, ou lá o que era o raio do homem. Munido da sua arma de limpeza massiva, o lava-tudo com amoniaco, abriu cautelosamente a porta e preparou-se para uma visão que seria mais ou menos o inferno das empregadas de leste, caso houvesse um.
Mas, à parte da esperada acumulação de poeira, nada de maior deslimpeza vigorava no local. O que havia sim, era uma acumulação de reliquias que à muito não viam a luz do dia. Era o caso do gramofone só com meio altofalante que havia sido pertença do sr Turmentário do sabão azul, Deus o tenha em paz e com muito rapé para o manter feliz. Estava lá também a camisa de dormir da Srª Dª Gertrudes da mula coxa, que dizem ter servido para fazer um exorcismo a um padre transmontano que ao que parece estava possuido por um demónio dos montes de feno e que o levava a perseguir as moças em idade casadoira.
Mas a "peice de registanse" foi a descoberta do mapa da mina perdida do Sr Conde de montanelas.
Para quem não sabe Sua Excelência o Sr Conde Amadeu de montanelas foi um grande revolucionário, que esteve envolvido na revolução francesa, sendo que a sua contribuição consistiu à base de ter aumentado a taxa de natalidade em 30o por cento enquanto andou pelas terras dos crepes da Srª Dª Suzete.
Reza a lenda que o sr Conde tinha uma mina de Francio, ou franciú em estrangeiro, que é um metal muito raro. É tão raro, mas tão raro, que cá na terra ninguém sabe o que é, mas deduz-se, e pensa-se também, que algo com um nome daqueles deve ser de grande valor.
Infelizmente o papel estava comido pela bicharada e tinham-lhe crescido uns cogumelos em cima, o que nem é assim tão mau, pois ao fim das contas o sr Frascário sempre acabou por apanhar algum, mesmo não tendo saído para ir à caça.
Um caso para dizer "quem cogumelos quer, aos Franciús os toma", por Homessa.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

"As corridas de cavalos" ou "O que temos para o jantar?"

Cá na terra o desporto rei é a bola, mas de quando em vez lá vem alguém a querer implementar uma qualquer outra modalidade. Desta vez foi o filho do sr Visconde que decidiu construir um cavalodromo, que são aquelas pistas onde se fazem corridas de cavalos, e trazer o cavalismo aqui para entre as nossas gentes.
A complicação disto é que cá na terra não temos cavalos, só uns jericos e uma ou outra mula, nomeadamente de estimação, como no caso do sr Olegário dos apitos. Mas seria um crime e uma ofensa ao menino Viscondinho não usar tão belo e bem construido estádio cavalar e então ficou assente que todos entrariam, cada qual como e com o que pudesse.
O sr Ernesto, claro, levou a vaquinha dele. A Srª Dª Minervina das cebolas entrou com o jagunço, o rafeiro de caça que anda sempre entre as suas saias e que apesar de ser curto de patas corre que se farta se desconfia que algures há salsichas. O Carlinhos mané, essa glória da colectividade, apresentou-se com o Pelé, o macaquinho que a senhora dele lhe ofereceu pelo Natal, e o sr Bergonómio dos parafusos levou um grilo que apanhou de propósito para a competição.
Houve porém um pequeno contratempo no dia da grande corrida, que se resumiu à base do menino Viscondinho ter ficado doente, com uma ensaxeca ou lá o que é, e não ter podido entrar com o cavalinho dele. Uma grande pena, claro, mas como já estava tudo organizado fomos para a frente com a competição, apesar de também não termos conseguido que a Srª Dª Manuela do moura viesse cá fazer uma reportagem, mas parece que a equipa teve de ir filmar um galo suicida num galinheiro na vila aqui ao lado e não foi possivel a deslocação a tempo, porque o raio do magano não atava nem desatava. Um caso para dizer "nem o galo morre nem a malta ceia, ou aparece nas notícias".
mas passemos ao importante que é o resultado das duas voltas ao campo por parte dos bichinhos campeões cá da terra. Parecia uma Olimpíada, mas sem o Olim, que teve de ir à cidade comprar um tubo catatónico para a televisão dele e não pode estar presente.
Foi dado o tiro de partida pelo sr Sargento da guarda, que por falta de experiência em eventos desportivos, disparou a direito e acertou por azar no carro do sr Amadeu das empreitadas, estilhaçando o pára-brisas e dando cabo do computador de bordo. Pobre homem tem mesmo pouca sorte como os veículos que adquire...
E lá arrancaram os nossos heróis desportivos para aquele dia, com o Jagunço a ganhar a dianteira à procura de salsichas, mas rapidamente a ser desclassificado por fazer corta mato. O Pelé entretanto já se deslocava na direcção oposta ao sentido do campo, uma clara falta de GêPêÉsse, ou lá como se chamam as bússolas agora, que o levou também a ser eliminado. Quanto à vaquinha do sr Ernesto, nem se mexeu pois encontrou um monte de erva, aparentemente bem saborosa por sinal, e dedicou-se à ruminação pachorrenta ao invés de à corrida desenfreada.
A vitória teve de ser atribuída ao grilo do sr Bergonómio não porque ele tivesse corrido todo o campo , mas como tinha avançado alguns centímetros e levando assim a dianteira se propiciou a que se lhe desse a medalha e pudessemos todos ir ver a bola e beber umas minis para o café do sr Eusébio.
É que ao fim ao cabo o desporto rei cá na terra continua a ser o futebol!
Quanto ao jantar, nem eu sei o que é, por isso ficamos todos na mesma.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Este Natal cá na terra

Pois é, lá se passou mais um Natal cá na terra.
Cá por casa lá tive outra vez que aturar a minha sogra e as queixas da artrite, o problema de ressonar do marido e os ataques de caspa da Gertrudes, a cabrita de estimação. O que valeu foram os enfeites da árvore de Natal, que por serem à base de minis, sempre deu para ir amenizando o convívio.
Mas como sempre o ponto alto da consoada foi a missa do galo.
E que bela missa!
O sr Padre cura, coitado, bebeu um licor Beirão estragado, e não conseguia dar dois passos a modos de dizer a Eucaristia. O que valeu foi o Miguelinho, filho do sr Jeremias sacristão, que foi a casa buscar o galo cantor, vestiu-o, mais ou menos, com a sotaina do sr padre, e o pôs à frente do altar. O petiz foi inteligente, pois afinal faz todo o sentido que a missa do Galo seja dada por um representante de tão imprescindivel espécie, mas o que foi verdadeiramente brilhante e que safou a noite, foi o facto de a distração causada pelo bicho ter permitido que o sr sacristão tivesse dado a missa e ninguém tenha reparado que não era o sr Padre cura. Isso e o facto de o sr cabo da guarda ter tentado dar dois tiros ao animal por julgar que era algum tipo de possessão que se tinha apoderado do nosso representante divino.
é por isso que sempre digo "valha-nos Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira e o sr cabo da guarda que nos livram do mal ... ou nem por isso".

terça-feira, dezembro 12, 2006

"Farturas de presunto" ou "O presépio ao vivo"

Cá na terra o Natal é um evento sempre memorável.
Desta feita, vamos organizar um presépio ao vivo, com gente a sério e tudo.
O sr Ernesto já disse que empresta a vaquinha dele e até a Srª Dª Lurdes das lamparinas se prontificou a mandar o marido fazer de burro, mas como o sr Silvio dos congelados tem um jerico a modos não vai ser preciso.
A grande celeuma tem sido à volta do papel de menino Jesus.
É que cá na terra não temos na actualide e de momento nenhum bebé que possa ficar nas palhinhas, e com tal o sr presidente da junta sugeriu que fosse o filho dele a fazer a vez do menino, mas o sr padre cura não está pelos ajustes. Afinal, diz ele, Jesus não nasceu já com trinta anos, barba e cabelo comprido, e mini na mão. Apesar de, na minha modesta opinião, o petiz saber balbuciar perfeitamente, já que está sempre a dizer "iás", "bués", "baril", "totil" e por aí fora. Puro linguajar de bebé, digo eu.
Mas o sr padre está inamovivel na sua posição, e não autoriza, e como é ele quem tem a última palavra nas coisas da paróquia...
Mas o sr presidente da junta não desanimou, e arranjou logo alternativa. Se é preciso um bebé e não há, então e que tal se pusessemos a nora dele que está grávida de 8 meses deitada nas palhinhas só com a barriga de fora. Assim era o mais aproximado que temos de um bebé, e podia-se passar à frente no casting para ver quem faz de São José e de Nossa Senhora.
Seja como fôr o que conta é que vai ser um evento cultural importante cá na terra, com direito à visita de Sua Eminência o sr Bispo, e Sua Excelência o sr presidente da camara.
E se a isto aliar-mos a quermesse, o bailarico e as barraquinhas de comes e bebes, que grande festa vai ser.
Ora cá o Silva este ano até vai estar numa barraquinha e tudo, a fazer a especialidade da familia, as farturas de presunto.
E não façam essas caras, porque se o "pudim à abade de Priscos" pode levar toucinho, então porque é que as minhas farturas não podem levar presunto, por Homessa?!

domingo, dezembro 03, 2006

Fantasias de Natal

Às vezes cá na terra deparamo-nos com problemas deveras problemáticos.
Por estes dias a questão mais debatida por cá foi qual a melhor maneira de efeitar a árvore de Natal.
O sr quintero dos limões defende que é pendurar fruta, como laranjas, limões, maçãs e ananazes, ou melancias à falta destes. Já o sr Dr Gaudêncio dos ossos diz que por ele era só fotos de coelhinhas...da playboy, claro. Para a Srª Dª Deolinda dos lacinhos, a melhor maneira de decorar com originalidade é pendurando mini garrafinhas de licores coloridos, tipo tangerina, groselha, amora ou lagartixa. O sr Cabo da guarda, preconiza o uso de munições de calibres variados, pois segundo ele o brilho prateado dá um toque especial e ainda se podem usar os enfeites em caso de necessidade, como por exemplo em caso do peru da consoada não estar bem morto antes de ir ao forno. Se dependesse da opinião do sr Pascoal do bacalhau, só se usava rebuçados de peixe, que diz ele além de serem doces fazem bem ao coração. O sr presidente da colectividade diz que a dele só leva bolas de futebol autografadas pelos maiores craques da bola que já passaram cá na terra, como o Carlinhos Mané, o Chamussa Farrusco ou o internacionalmente famoso "Mete-o-teu". Mas talvez a mais genial solução seja a inventada pelo sr professor Eustáquio, que desenhou e construiu uma máquina que se chama "enfeitador automático de Árvores de Natal" e que consiste à base de uma caixa de bolas azuis e vermelhas, um saco de fantasias de Natal, dois clips e um elástico, e que embora funcione maravilhosamente, ainda ninguém percebeu o porquê da caixa de bolas.
Ora pois eu por mim vou enfeitar a minha com caramelos espanhóis para o meu Trunks António, uns cartões de crédito sem plafond para a minha senhora, e umas minis para mim, que sempre dão para entreter quando tiver que aturar a sogra no dia 25.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

"A poesia" ou "Viva o glorioso"

Porque cá na terra também somos poetas, e até porque já o tinha noutro lado, deixo aqui este poema, que diga-se, não é da minha autoria mas que não deixa de ser muito belo e tocante.

Cá na terra hoje vemos o dia assim


"Para hoje,
prevê-se céu pouco nublado,
com vento fraco,
soprando moderado de noroeste no litoral oeste,
a partir do início da tarde.
Neblina ou nevoeiro matinal,
e pequena subida da temperatura máxima.
Para a Madeira,
a previsão aponta para céu em geral
pouco nublado
e vento a soprar de nordeste,
moderado,
sendo fraco no Funchal.
Para o Arquipélago dos Açores,
períodos de céu muito nublado,
esperando-se alguns aguaceiros,
embora fracos.
O vento soprará,
em geral fraco,
de nordeste.
Amanhã...
O dia será idêntico ao de hoje,
com vento fraco,
a soprar moderado de nordeste,
no litoral oeste.
Neblina matinal
e pequena subida,
da temperatura máxima..."
Viva o glorioso!

terça-feira, novembro 28, 2006

"Questões de fundo" ou "Carta ao sr Pai Natal"

Pois é, o Natal está aí à porta, e cá na terra também estamos a ficar cheios de espírito natalicio.
O sr Alvito dos alguidares tem estado a enfeitar a venda da feira com renas rosa choque em miniatura e papagaios de plástico. Segundo ele os papagaios são muito importantes no Natal do Brasil e como tal têm de estar presentes na venda dele, porque afinal a senhora dele vê várias novelas por dia, não é?!
Já a Srª Dª Estela da secretaria resolveu que os melhores enfeites de Natal são fotos dos netinhos. E é vê-la a pendurar as fotos dos petizes, em lugares estrategicamente estudados de modo a causar o melhor efeito. E até ficou engraçado, apesar de ela nem filhos ter, mas mais vale com os netos dos outros que sem netos nenhuns.
Mas o "équece-líveris" é sem dúvida a árvore de Natal de chocolate erguida na praça central cá da terra, ali entre a marcenaria e a leitaria do sr Tavares. É uma visão tremenda, feita de chocolate espanhol do bom, coberta de "smartes" e guardas-chuva de torrão de Alicante e nogados. Vair ser uma atracção para todos virem cá à terra ver.
E espero que venham, depois da trabalheira que deu a trazê-la cá para a terra. É que a viagem não foi isenta de peripécias, derivado ao sr Sargento da guarda ter descoberto que ela era feita de chocolate e ter organizado uma operação stop em larga escala, com todos os guardas aqui das redondezas. No fundo era boa a questão que eles colocavam, a de terem de saber se estava em condições de poder ser comida pelas pessoas. E a única maneira que descobriram de o averiguar foi a de todos os guardas provarem, de modo a que, se não lhes fizesse mal não fazia mal a ninguém...e ainda há quem tenha a lata de dizer que a guarda não presta um grande serviço à comunidade!
Mas na realidade as coisas não correram assim como o previsto, tudo porque o Carlinhos do TIR decidiu que ao invés de vir pelo caminho habitual viria pelo mais longo mas mais a direito.
Ora o sr Sargento perante uma infração destas, entrou em perseguição, com o apoio de todos os guardas que tinha ali com ele. O Carlinhos é que não parou e passou sempre. Vá lá que os senhores da guarda estavam com as armas de serviço e dispararam contra o camião, permitindo assim ao Carlinhos parar de sua própria vontade, e evitando um atentado à saúde pública. É que não é que depois de provarem a árvore de chocolate toda os senhores guardas ficaram todos de soltura dos intestinos, prova mais que evidente que ela estava imprópria para consumo. Graças a Deus que existem homens zelosos do seu dever como o sr sargento.
Mas o que interessa é que agora está tudo bem, pois veio outra da fábrica e vai ser montada dentro de uma tenda especial, para evitar que se molhe e assim.
Outro dia conto como correu a postura dos enfeites, mas agora já está é na hora de ir escrever a minha carta ao sr Pai Natal, que este ano vou-lhe pedir o título para o glorioso ou então um relógio daqueles como tem o sr Gilberto cigano.

domingo, novembro 26, 2006

Um conto de Natal cá da terra

O sr Olívio dos seguros é muito boa pessoa, derivado claro está de ser o dono da agência de seguros cá da terra.
Diz-se à boca pequena que a riqueza dele se acumulou à custa de bons negócios, assim como os do sr Veiga do glorioso. É óbvio que o seu negócio mais famoso de sempre tem a ver com o ter feito os seguros para a ponte virtual do sr presidente da junta, essa grande obra cá da terra, que veio mostrar aos senhores da cidade que por cá se fazem as coisas em grande.
Ora este ano o sr Olívio apareceu com a idéia de se organizar um bailarico de Natal, uma espécie de dançadeira ali no largo da igreja matriz, desde que com a benção do sr padre cura!
Foi um evento de arromba, mesmo apesar de ter sido um mês antes do natal, mas sabem como é, nessas alturas andamos todos ocupados às compras, porque cá na terra a tradição respeita-se e só nos últimos dois dias é que se fazem as compritas de Natal.
Mas como disse, o bailarico foi uma festança, com a música do sr Tavares da leitaria, que é muito bom a tocar gaita de beiços. Faz-me sempre lembrar o "Trio Odemira", à excepção que ele é só um e nunca foi a essa terra, que acho que fica no Sul de Espanha ou que é. Isto porque em Portugal seria "Ódeolha" não é?!
Mas adiante, pois não estamos aqui a falar de geografia mas sim do nosso bailarico de Natal.
O ponto alto da noite foi quando a Srª Dª Rebeca das malhas, a esposa do sr Ernesto das vacas, resolveu fazer uma declamação de improviso de um dos nossos maiores poetas, o sr Herberto do helder. Não é que não se aprecie poesia cá na terra, mas preferimos assim coisas simples, tipo "bate leve, levemente, e se eu ouvir mal não vou abrir certamente", e não coisas complicadas que não se entendem.
Então a pergunta que se impõe é "se não gostam, como foi o momento alto da noite?", ao que passo a elucidar.
O momento alto deveu-se ao facto do sr Olívio ter ido à vila vizinha e ter trazido umas moças Brazileiras que, acho eu, fazem bordados para fora numa fábrica que se chama "O Hipopótamo Branco", e que dançaram o samba ao som das palavras da Srª Dª Rebeca e da gaita do sr Tavares. E diga-se que até foi muito giro até ao momento em que as roupas das moças começaram a cair e foi a escandaleira. Coitadas, tive imensa pena delas, pobres raparigas que ao que parece nem ganham para comprar roupa que lhes fique bem assente no corpo sem cair.
O sr padre cura é que não gostou nada e já disse ao sr Olívio que ele vai ter que pagar um indulto, saiba-se lá porquê.
E o que tem tudo isto a ver com um Conto de Natal, assim tipo sr Carlos do Dickens? Bem, o sr Zeferino dos móveis diz que viu três fantasmas nessa madrugada que o levaram a ver o futuro e assim, mas como ele tratou da saúde a três grades de minis, acho que se tivessem sido três elefantes côr-de-rosa a levá-lo ao jardim zoológico de Marte também não espantava ninguém, por Homessa!

quinta-feira, novembro 23, 2006

As festas de Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira

Pois é, está a chegar a altura do ano mais esperada cá na terra, logo a seguir ao Natal, à Páscoa, ao início do campeonato e ao concurso anual de prova de minis. Refiro-me claro, e como todos sabeis, às festas de Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira, santa padroeira cá da terra, pelo menos enquanto Sua Excª o Sr Bispo mandar.
Este ano há uma grande celeuma e muita discórdia devido à questão de quem deverá ser a atracção musical cabeça de cartaz. Uns defendem que deveria ser o sr Quim do barreiros, outros a Srª Dª Ana do malhoa e outros que deveria ser o grupo folclórico e recreativo de Arimbau de Baixo.
Ora a maioria quer o sr Quim porque ele sabe cantar musicas do antigamente, clássicos que qualquer um pode acompanhar, porque afinal todos sabem cá na terra que o bacalhau leva alho e que Srª Dª Maria está na cozinha.
Mas eu pessoalmente e para mim também, preferia a Srª Dª Ana do malhoa, por ser quase como a virgem, muito inocente e casta, além de saber pular quando canta, o que ajuda a animar a malta um bocadinho mais que um acórdeão. O sr padre cura é o único que quer o grupo de Arimbau de Baixo, vá-se lá perceber porquê. Talvez um desígnio de Deus ou assim parecido, sei lá.
Amanhã então vamos a votos e espero que ganhe o melhor. É que desde que seja para animar a festa por mim qualquer coisa serve mesmo, desde que não faltem as minis claro.
De qualquer modo se não houver consenso a Srª Dª Carmina das loiças diz que faz o numero de equilibrismo de patos marrecos em cima dos furões, e isso é um sucesso logo à partida. E se a isso juntarmos os relógios amestrados do sr Gramínio dos cinzeiros, temos o serão assegurado.
É claro que a malta não vai animar tanto como com a Srª Dª Ana do malhoa, mas olha, paciência, bebe-se mais umas minis.

sexta-feira, novembro 17, 2006

"A alergia" ou "Como fazer um pudim de ovos"

Há coisas do arco da velha!
Ora então não é que o sr Astolfo da pichelaria esteve de cama por ser alérgico à política. De facto a cara que devem de estar a fazer não seria de todo descabida, pois afinal todos somos alérgicos de algum modo à política e não ficamos de cama por isso. Porém o sr Astolfo é alérgico às colas que são usadas para colar os cartazes de campanha, e como houve eleições para a direcção da colectividade cá da terra, o pobre homem foi à cama.
Foram engraçadas estas eleições, onde houve duas listas concorrentes. Uma encabeçada e também liderada pelo sr presidente da colectividade e outra do sr Bergonómio dos parafusos, que propunha, entre outras coisas, a eleição anual da Miss "maiores seios cá da terra".
Como é natural ganhou o sr presidente da colectividade, que tinha o apoio do sr presidente da junta, e também porque ninguém queria imaginar que o que seria ter de explicar à sua própria senhora porque não havera sido ela a ganhar o concurso das misses. É que não é por nada, mas a perspectiva de ter de aprender a desenrascar na cozinha porque a nossa mulher está de greve de zelo não é nada agradavel. Eu não me consigo imaginar a fazer um pudim de ovos para a sobremesa do meu próprio jantar. É impossivel tal coisa saber em condições, pois vai contra as leis naturais e da natureza também. Ainda bem que tudo ficou na mesma, mas pelo sim pelo não, já ficou combinado entre a malta cá da terra que a partir de agora vamos ser todos como o sr Astolfo, alérgicos à cozinha! Não vá o diabo tecê-las, por Homessa!

segunda-feira, novembro 13, 2006

"Os Marcianos" ou "A menina Floribela"

De vez em quando cá na terra passam-se coisas muito estranhas.
Esta semana ao que parece tivemos a visita dos srs Marcianos, pessoas que não são cá da terra nem da Terra, para dizer a verdade.
Ora o esquisito nesta estória é o facto que, apesar de estarmos quase 100% certos de que fomos visitados por eles, não apareceu por cá o sr Mulder dos ficheiros.
Mas o melhor é começar a estória do principio.
Ao que consta, ia o sr Emilio dos ananazes para casa, após ter estado a tomar umas minis no bar do sr Eusébio, e deparou-se com umas luzes estranhas no céu. Dizem os entendidos que foi um encontro imediato do 3º grau, mas isso não pode ser, pois todos sabem que as minis têm 6º, e quando muito fazem ver a dobrar e não às metades.
Ora todos sabemos que o sr Emilio à muito que é um fanático da laranjinha, e por isso há quem especule que na realidade o que ele viu foi um jogo entre o Arcanjo São Gabriel e o sr Simeão dos dominós, o já falecido mítico campeão de laranjinha cá da terra.
Ora o complicado aqui foi que o sr Emilio decidiu que ir bater à porta do sr presidente da junta era o mais indicado, pois se chamasse a guarda o mais certo era eles atirarem a matar e depois ainda se gerava uma guerra intergaláctica, assim ao estilo de um BenficaXReal Madrid, o que não convinha nada, pois o mais certo é perdermos mesmo.
Ao bater à porta do sr presidente da junta quem lha abriu foi a senhora dele que, ao ver o estado agitado em que se encontrava calculou que fosse um ataque de panico devido a excesso de minis e toca de lhe aplicar o remédio mais indicado, uma caçarola de ferro na cabeça.
Ao despertar pouco depois de tal tranquilizante pouco científico, o sr Emilio deparou-se na sala de estar do sr presidente, mesmo em frente ao televisor onde passava a novela da menina Floribela. Zonzo ainda do método calmante que lhe tinham aplicado, o sr Emilio pensou que tudo aquilo era uma manobra marciana para lhe roubarem o segredo da criação de ananazes, e toca de fugir dali a sete pés, saltando pela janela e dando de caras com o pitbull que guarda a casa. O que aconteceu depois foi estranho pois o animal, que não estava habituado a que saltassem pela janela ao contrário, pensou que era um jogo, saltou à espinha do sr Emilio e foi preciso um pé de cabra para acabar com tal abraço amoroso.
A moral deste evento é que pode sair do pêlo confundir a menina Floribela com os srs Marcianos.

sexta-feira, novembro 10, 2006

"A portagem virtual" ou "Não aos Ouros"




Cá na terra de quando em vez chega o progresso e também nos tornamos modernos.
Desta vez foi uma inovação de sua Excª o Sr Presidente da Câmara cá do distrito, que decidiu que teríamos uma ponte sobre o riacho que passa ao lado da casa do sr Graciano dos leitões.
Notem bem que não é que o riacho seja intransponível, mas uma ponte fica sempre bem em qualquer lado e sempre se podem mostrar estas coisas modernas às visitas que vêm de fora.
E note-se que a inteligência e sentido de responsabilidade de Sua Excª é tremendo, assim como a sua capacidade de trabalho e de atrair desenvolvimento. Senão reparem.
Onde à duas semanas havia um riacho agora existe uma portagem e um funcionário da câmara. E no outro lado já está a tomar forma a casa que Sua Excª mandou construir, e onde irá habitar. Uma homenagem, disse, ao povo de cá da terra, pela sua vontade de modernizar. E o brilhantismo disto tudo é que como o riacho nem precisa de ponte, esta vai ser virtual, ou como explicou Sua Excª, é como se lá estivesse mas sem estar mesmo.
O único problema que o pessoal cá da terra achou foi na questão da portagem.
É que meus amigos, uma portagem virtual ainda é como o outro, se fecharmos os olhos e pensarmos com muita força é como se lá estivesse a ponte, e sendo assim temos de pagar para lá passar, que estas coisas custam dinheiro não é?!... Mas agora quererem que deixemos de pagar em escudos e passemos a usar umas moedas que são os Ouros, e que nós sabemos bem que é de Espanha, isso meus amigos é que não!
Ora então onde é que já se viu pagar-mos as nossas coisas em dinheiro estrangeiro???! Era só o que faltava.
Cá na terra somos simples, mas não somos burros.

terça-feira, novembro 07, 2006

"Um automóvel de luxo" ou "A melhor maneira de fazer arroz"





O sr Amadeu das empreitadas resolveu que tinha de ter um carro novo. É lógico que o seu estatuto de empreiteiro não lhe permitiria ter outro senão um Mercedes, levando-o a fazer uma encomenda no stand do sr Norberto dos carros, pois como todos sabem, o sr Norberto é o maior negociante de automóveis cá da terra e redondezas e quiçá até do distrito, fazendo dele pessoa ilustre e de grande gabarito no mundo das quatro rodas motrizes, conhecida até em terras além-mar e eventualmente Badajoz.
O carro que o sr Amadeu escolheu foi um novo modelo, daqueles com o nome cheio de letras, tipo “SLB XPTO kompressa e elegância”, em preto metalizado com vivos laterais em cremados e pasme-se, televisão lá dentro e tudo.
Ora foi precisamente esta televisão que se tornou no problema maior da vida do sr Amadeu em relação a estas situações de veículos motorizados.É que como devem calcular, não é fácil conduzir, fumar, beber uma mini, falar ao telemóvel e ver a bola na TV Sporting em simultâneo. Pois o sr Amadeu também se apercebeu disso após entrar com o seu carro novo pelo galinheiro da Srª Dª Rosaura do pichisbeque adentro.
O complicado disto tudo foi que o sr professor Eustáquio havia inventado um novo aparelho para acalmar os nervos às galinhas poedeiras que a Srª Dª Rosaura possuía e que consistia basicamente num gramofone, vários discos de musica clássica, dois clips e um elástico. Claro que ninguém percebeu para que eram os discos, mas o invento lá funcionava, como é apanágio do sr professor.
Todavia com o adentrar sem travões do carro do sr Amadeu pelo galinheiro, o invento foi-se, levando a que as galinhas entrassem em histeria colectiva, deixassem de pôr ovos, convocassem greve, fizessem cartazes e pinturas murais de cariz intervencionista, nomeassem uma comissão sindical e exigissem que lhes fosse pago o 13º mês e as prestações da segurança social.
Como os montantes ficaram em números muito elevados, e altos também, o sr Amadeu teve de entregar o carro como colateral, ficando a Srª Dª Rosaura com um dos galinheiros mais originais e chiques do país e até quem sabe de Badajoz.Se querem a minha opinião, cá para mim isto dos Mercedes é coisa muito perigosa, pois se fosse com uma charrua nada disto teria acontecido, em parte por falta da cablagem para receber a TV Sporting, e noutra parte por bois e galinhas não se misturarem, acho.
Ah, falta o arroz, mas esse já eu tenho ao lume para o almoço. Um belo arroz de pato com miúdos e um tinto de garrafão para acompanhar, que nem sempre há minis à mão de semear.