Cá na terra

A vida como ela é(?) cá na terra do sr Vegeta Da Silva ... ou como fazer um bolo igual ao da filha da Srª Dª Adelaide dos ovos.

A minha foto
Nome:
Localização: Freixo de Santa Comba de Espada à Cava, Portugal

quinta-feira, novembro 02, 2006

As ovelhas e as vindimas
ou
a casa do sr Visconde
O sr Valentim dos motores foi convidado a passar um dia na casa do sr Visconde, honra de alto gabarito para qualquer pessoa cá da terra. Diz a Srª Dª Branca da raspadinha que ao princípio ele ficou desconfiado, sendo Jeová e isso. Mas depois parece que lá se acalmou e percebeu que era para tomar um chá com bolinhos de canela feitos pela Srª Dª Irene dos docinhos e até ficou entusiasmado. É que isto de conhecer personagens de sangue azul na intimidade do seu lar tem o seu status.
O chá até pareceu correr bem, até ao momento em que o sr Valentim derramou um pouco de doce de ginja no colo e teve de pedir para ir ao lavabo.
Para quem não sabe o sr Visconde vive numa casa senhorial, muito antiga e com imensas reliquias, sendo precisamente uma delas um lavabo do século XVIII em que foi instalado uma torneira de mistura a imitar o estilo da época.
Ora o sr Valentim, desconhecendo a maneira ideal de usar tão recente torneira em tão antigo lavatório, tratou de lhe dar uma "valente" volta, e, sem mais nem menos o bendito lavatório, onde dizem que Dª Maria a Pia lavou as mãos, descaiu para um lado, balançou para o outro e com um enorme urro de canalizações velhas a partir, toca de saltar para cima do homem. Com o susto o sr Valentim, que certamente pensou estar a sofrer o ataque de um cão de loiça, desmaiou, e a água foi acumulando até sair em catadupa em direcção à famosa escadaria da mansão do sr Visconde. Esta escadaria é famosa pois está enfeitada com armaduras de gala, muito polidas e brilhantes, que são a luz dos olhos de gerações de srs Viscondes.
A água, que veio com imensa força devido à pressão da acumulação no lavabo, empurrou as armaduras que deslizaram em grande velocidade em direcção à porta de entrada no exacto momento em que chegava o sr sargento da guarda, que ao ver aquelas coisas metálicas enormes a avançar na sua direcção apelou para o seu treino militar, puxa da arma, e dá três tiros em cheio na primeira armadura e a seguir um tiro para o ar, de modo a salvaguardar os interesses do relatório que iria ter de fazer. Ora no andar de cima estava a Srª Dª Minervina, governanta do sr Visconde, cujo espartilho é atingido pelo último tiro, ragando-se os atilhos, e claro originando uma explosão de adiposidades e glandulas mamárias que atingem em cheio o manequim que servia para ornamentar o salão de baile nas ocasiões que o pediam.O dito manequim cai para o lado derrubando o pote da noite, que rolou até à janela e caiu precisamente em cima da equipa da RTP que estava a chegar para fazer um documentário sobre os remanescentes da aristocracia Portuguesa. O coitado do jornalista ficou, digamos, escurecido, e azar dos azares, o sr cabo Matias que tinha ficado à espera do sr sargento vê-o naquele estado, após o grande alvoroço, pensa que é um ataque terrorista, e toca de de lhe dar voz de prisão, mas não sem primeiro lhe dar dois tiros com a arma de serviço.
O que eu penso disto tudo é que mais vale ir às vindimas ou pastar as ovelhas que confraternizar com a aristocracia. É muito mais seguro, por Homessa!