Cá na terra

A vida como ela é(?) cá na terra do sr Vegeta Da Silva ... ou como fazer um bolo igual ao da filha da Srª Dª Adelaide dos ovos.

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Localização: Freixo de Santa Comba de Espada à Cava, Portugal

segunda-feira, abril 16, 2007

"Em Abril águas mil" ou "A reforma do Presidente"

Cá na terra Abril ainda é o que era. Temos os cravos em flôr e a sua aplicação prática lá para o fim do mês; temos a final do torneio de dominó da terceira divisão distrital; e temos a chuva, muita chuva, que como toda a gente sabe é muito boa para a lavoura em todo lado, com a possivel excepção de Badajoz.
Ora a chuva é uma benesse muito apreciada, a não ser que se tenha o telhado esburacado, que foi precisamente o que aconteceu com o sr padre cura.
Sabe-se por cá que ele tentou interceder junto de São Pedro para que atrazasse as chuvas de Abril de modo a poder mandar o sr Juliano das telhas arranjar a cobertura da igreja cá da terra, mas ao que parece o Santo não pode fazer nada pois já tinha o calendário muito preenchido, ou segundo consta, recebeu um suborno de trinta missas e cento e doze velas do sr Prior da vila aqui ao lado para seguir em frente. Isto afinal não é só no futebol que há corrupção pacífica. Só não se entende o porquê do sr padre cura não ter avançado com umas cestas de fruta e uns bombons em jeito de contra proposta... Afinal se é assim que fazem os mestres também iria resultar neste caso, não é verdade?!
Mas infelizmente não foi possivel parar a chuva, e o sr Juliano lá teve de ir à pressa remendar os buracos do telhado da Capela, mesmo por cima da estátua de Nossa Senhora Dos Milagres À Quinta-Feira.
Diz quem viu que o homem subiu pela escada maior que tinha com uma cara de missão impossivel, assim ao jeito de sr Tomás cruzes, resolução estampada no rosto, e a laca que lhe segura o penteado em cima da careca a descer por ele abaixo também.
E foi aí que o demo pegou para danar esta tão solene e santa reparação. É que o sr Juliano, preocupado com a sua imagem, como qualquer grande homem de negócios deve, estava sempre a tentar colocar as madeixas no seu devido lugar, fazendo o trabalho apenas com uma mão. Ora essa bendita mão acabou por escorregar na pasta de laca que entretanto se havia formado nas telhas, e o coitado do individuo fez um zig para um lado, tentou compensar com um zag na direcção oposta, falhando redondamente e acabando por cair não pelo telhado afora, mas sim pelo telhado adentro, estatelando-se mesmo em cima do missal, enquanto que o sr padre cura com o susto lhe dava um achaque que só pode piorar em virtude da imagem da Virgem entretando lhe ter caído em cima devido a toda esta comoção.
Segundo o sr Doutor Ezequias do posto clínico, o sr padre cura vai ficar bom, embora com a boca um pouco torta e os olhos ligeiramente trocados, mas só dá por isso quem souber, e estiver de frente, porque de trás não se nota nada.
Já o sr Juliano teve pior sorte pois a laca que ainda restava nas madeixas pegou lume de umas velas que estavam no altar, e ao que parece vai ter de usar uma peruca durante uns tempos. O que vale é que o sr Olívio dos seguros foi um mãos largas e usou a apólice dos acidentes de trabalho para lhe adquirir a dita peruca. Porém esta é estranhamente parecida com a que a senhora dele usou no carnaval, assim loira e comprida aos caracóis, mas como não deixa de ficar bem ao sr juliano ninguém presta grande atenção.
No que toca ao buraco, como entretanto parou de chover, o Carlinhos do TIR trouxe uns individuos da cidade que trataram de reparar o telhado em menos de nada, talvez um pouco incentivados pela presença constante do sr sargento da guarda, que como todos sabem é pessoa calorosa e afável e que sem dúvida fez os trabalhadores sentirem que estavam a realizar um trabalho santo e divino. De tal modo assim foi que nem quizeram ser pagos ou esperar que o Carlinhos os levasse de volta, veja-se lá como a fé ainda pode inspirar o coração das pessoas.
Quanto cá ao Silva, estou reformado da política. Posso agora voltar às minhas minis sem ter a preocupação que apareça algum jornalista a investigar e depois ser acusado de chinocofobia por não beber médias ou XL. A vida de político é dura, por Homessa!